quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Girassol da madrugada

Não preciso perscrutar teu R.G.
de dentro deste meu salão rococó
descobri teu nome Roberto
Assim. Que jamais um pudor te humanize.
Pétalas engasgam teus sonhos.
Piva, sabemos que na contra-luz habitavas o olhar de Mário
tens agora o que é teu.
Gozas sempre no aperto do último minuto.
É teu sinal que se espalha
traiçoeiramente
e se instala
(algo escorre: saliva, sangue ou semên?)
nas línguas
nos corpos
nas coxas
descendo lento
sedento
e cedendo ao desejo
(não escondes os olhos no meu braço)
Não abandonarei jamais de-noite as tuas carícias
nossa epopéia assim se faz
mítica e desértica
o amor sempre cede ao desejo
e, cético, começa na cama
com os lenções desarrumados feito campo de batalha
teu dedo
(mil tentáculos tens)
persegue o impossível de mim
nos encontramos
para além do inferno de Dante ou Rimbaud
(o silêncio nunca cai em nossa paisagem)
há ainda as paradas
(abro os olhos e digo ah!) :
Lautreámont, Aristóteles, Artaud, Macunaíma,Empedócles, Mickey Mouse, Ganimedes,Batman, Baudelaire, Willer, Cavalcanti, Darcy Ribeiro, Maquiavel, Bórgia, Castracani, Vírgilio, Lorenzo de Médici, Ferenczi, Wagner, Luiz II da Baviera, Modigliani, Hegel, Bosch, Uccello, Drummond, Corbiére, Breton, Joyce, Proust, Trakl, Pessoa, Sade, Bataille, Freud, Homero, (quem eram os outros que o alcóol apagou?)...
sem foguetes!
quem será o próximo a se prostituir em nossos delírios?
(bem sabes que sempre prefiro os nobres e os artistas,
mas sempre acabo noutras camas)
Somos ciumentos de nossos gemidos.
Dormimos
(pra guardar o segredo inglês de Freyre)
enquanto ainda toca
na tv ligada
uma ária desconhecida.

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