quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

parte patética

bubble day. todo de preto, all-star vermelho. vogue ny embaixo do braço e os "50 classic looks for spring''. não gosto do verão. esperando no final da escadaria. lá fora, paris, 3° C. aqui: desterro, 21° C, com o pensamento envolto em nuvens. faço um lembrete para que não se sinta dispensado. acho que tu não deveria ler meus jornais diários. quem eu espero? o vidro fumé apenas reflete o rosto no silêncio. uma peça de seda, linhas e tantas agulhas. há algo que pesa mais que a mala. sem cadáveres na valise. tu poderias se perder nas sombras da rue la fayette. em qual trem tu virás? de onde virás? a manchete do dia... me prendo na notícia que não quero, esperando aquela que não vem. "bataille rangée au caire entre pro et anti-moubarak". dependo do horário que chegasses poderíamos, quem sabe, fugir para londres, brussels, amsterdam, cologne...mas dentro de mim faz mais frio que lá fora. o quê pode aquecer o escondido do corpo, as dobras de dor postas no osso? diante dos olhos, talvez a liberdade seja uma femme fatalle. como eu te poderia saber mais do que posso supor? novamente, te ouço insistindo, no acento carregado, sobre alguma figura que passa.... apontando "she has natural edge, her beauty is poetic.... it feels like's been around for quite a while... you're not looking at her and saying... wow, that's your new girl... you say... you know... why don't i know her?" obviamente, só posso ignorar. é tão sem sentido. talvez só faça sentido porque no salão aberto pela multidão eu só faça esperar. mas talvez o quê você não saiba é que eu posso não ter todo este tempo para te ser entregue. este tempo investido em notas soltas no moleskine em xícaras de caffè espresso. talvez você sobrevenha de milão, pesado... cachecol pendente rente ao chão. eu poderia deixar um post it, você saberia encontrá-lo, espero: Staromestske Namesti, 14 horas, amanhã. mas lá, ainda eu continuaria a esperar. e no fundo, tu passas, entre as outras pessoas, e não me vê. eu, os papéis, o café... e é cena reiterada (é um poema que retorna, mas tu não o sabes) que la rue (toujours) assourdissante autour de moi hurlais... mas eu sei dos passos que eu ouço entre os tiques do relógio... é o mesmo final recorrente, a mesma chave de ouro recuperando a chave em ouro que eu poderia ter te dado. o destino, no fundo, é uma escolha. (... Ô toi que j'eusse aimée, ô toi qui le savais!).

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