domingo, 28 de novembro de 2010

de certa dor

eu tentei jogar seu jogo e perdi. simplesmente não desisto. derrubo o rei. é preciso saber perder algumas vezes. sem céus estrelados, sem pesadelos. simplesmente não te darei um retrato em sépia, ou em azuis de picasso. alguém disse que eu era um pouco musical, não, não sou. não nasci para a música. meus ouvidos escutam um pouco antes e um pouco depois, nunca agora. não sei de tua voz. mesmo a dança neste meu universo: o joelho não permite mais. não quero mais esta insensatez. eu só sei pensar e penso demais. eu te guardei algumas palavras. eu poderia te dizer outras tantas. mas não sei, no abismo desta dor que bate e caí, além de toda insegurança, de todo compromisso, de um suposto coração (que não sei se tenho). eu não sou assim. sou esta noite de insônia de pupilas modificadas pela valeriana, com algum chocolate ao alcance da mão, alguma fome no estômago, sem sonhos, sem pesadelos, apenas um sono que poderá vir ou não. minha gata, audrey, ao meu lado, agora me acorda todas as manhãs, no seu complexo de animal selvagem. gata que se descobre leoa. filhotinho que se esquece de seu tamanho. não sei insistir sem meus excessos. na minha cúpula de estrelas, na minha constelação, só cabe o silêncio dos meus livros e talvez, talvez, um resquício de esperança na minha impossibildade matemática. que sempre dói mais que teus sentimentos.

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