sexta-feira, 5 de novembro de 2010

autos efa

ele disse, assim começa o crime, eram eles miguel, gabriel e rafael. cada um tinha um pequeno pecadinho na sua sombra. aqueles olhos. aquela verdade tangente que não pode ser dita. o medo. talvez pudesse, num bilhete rápido. mas a quadrilha estava armada. o círculo aberto. o desejo impossível era o labirinto feito cena em vermelho. mais que um alerta. era preciso certeza. talvez não houve nada além do sorriso, do abraço, da companhia. o que tinham em comum? como resolver este limite em que o corpo se debruça num corpo. era de horizontes que se fazia o desejo. era em três que se desdobrava a harmonia. a música que tocava era medida diapasão, diapente e diatesaaron. uma vênus macabra talvez apenas observasse lânguida em seus jardins os corpos florescendo e se entorneando e vibrando num grave tom de melancolia. talvez apenas o olhar passass o estige para chegar ao tártaro. impossível consumir a possibilidade: eles tinham medo do inferno. do inferno no corpo em si. do inferno no desconhecimento do inferno do outro. no príncipio existia o caos. um caos feito dos olhos que descobrem que a imagem borrada cede sempre ao desígno e foge. duplicada. era o silêncio a possibilidade dessa certeza.

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