quarta-feira, 16 de setembro de 2009

amanhã, porém, ainda hoje

meia-noite.
é meia-noite quando os violinos cortam a cidade ao meio, as duas cenas se decompõe. o corpo rola na cama. os latidos dobram os violinos num corpo somente. essa dor que há e aí, ai, aqui. vibra. há tantas lágrimas mal-passadas. o violão a um canto. os bilhetes sobre a mesa. o diário que insiste em gritar comigo. não escreva mais! não há uma noite serena há tanto tempo, mas há tanto frio e sereno todas as noites. me reviro na ausência dos meus 16 anos. as rugas e os cortes de gilette no rosto me escondem como um corpo, a caveira que não lhe pode fazer bem. esqueço de mim suspenso no pincel de um artista que chove numa praia de uma ilha distante. as asas quebradas da imaginação se afogam num mar de cores. impossível o preto e branco diante da dor que dilacera os pulsos convulsos e confusos diante da dúvida. onde estaremos quando parar de vibrar o tilintar dos copos neste jantar falso que se abre nas champagnes diplomáticas e sorrisos amarelos. o mar de mim que me afoga e me faz engavetar todas as lembranças. je meur de toi. encore. as línguas reviradas no meu silêncio. por una cabeza. y nada más. não posso salvar isso que não escrevi. dias de desastre para além do apocalipse. um muquifo de quinta. 4 segundos para um não-último-beijo. um beijo que jamais houve. o maior problema de um ser pensante é o corpo. o indízivel da pele. do perfume das peles. do desejo de pele. todos os ecos de um refinamento tão século XVI. quem disse que há sono? que há o dormir? tenho o começo de um poema que não se resolve.invento a rubrica desta pessoa, peça deixada de lada. vai viver. a vida crua e posta numa bandeija. ainda é meia-noite.

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