sexta-feira, 25 de setembro de 2009

algum horizonte

psalmo 119.
o salto aperta no sobressalto das curvas. o corpo feito ladeira. as lágrimas rolam morro abaixo. zigue-zague de sombras pelo horizonte incerto. uma língua incompreensível: bater de asas de corvos, rumorejar de gatos. não tenho defesas nas trevas. (a)saltei teu túmulo e risquei os versos de tua lápide. uma névoa inglesa me engole e me atravessa. destrói meus largos e dourados corredores em rococó. o gótico oprime. o policial espreita o crime. três que são quatro. mais duas. mais dois. mais uma. mais dois no último dia. só os quatro. que são excessivamente três. baforada de cigarro. efeito de assombração. comendo dinheiros. ouvindo marlene cantar e arranhar a garganta num beijo rouco. a cidade salta estranha aos olhos. afoga meus olhos no fundo de uma das 16 taças roubadas. taças roubadas como cartas perdidas. uma carta pedida. um bilhete secreto de recomendação divina. "se beber, não pule. jamais." a valsa se perde num corredor escuro sem abraços. tilintar de falsos cristais. deixa de ser tão de esquerda, ouve este barulho infernal. uma lágrima escorre contra o vidro da janela em que teu vulto de cabelos desgrenhados repousa a cabeça. o ônibus chacoalha tanto que creio ter perdido 2 virtudes e a alma n'alguma curva. tão sentimental! a lágrima como rastro e o ponto do ponto de exclamação. os bares. o neo-clássico. modernidades. curvas. nas casas. na cidade. nos homens. um quarteirão esquecido dormindo n'um sábado à noite n'um quarto de hotel. 1577. bem nas alturas. bem fácil de voar. e, apesar da dor, é gostoso voar. seja 5 andares, 15... ou 3 metros. procurando endereços incertos. telefonemas que não vem. os telefones surdos e mudos. a ansiedade radical pelas ruínas desta sombra refletida. um pequeno objeto que resta vinte horas depois. nem mesmo um santo pós-moderno e cosmopolita protege os inocentes. dedos mergulhados numa taça de dry-martini. n'uma panela de barro ardem desejos tão incertos. saltos e frios ao longo do pescoço sedutor que nada seduz. e tão minerador pobre... sem palavras. o preciosismo escapa. a cidade tão pequena e igual. e larga. resta a ascese do jesuíta em prece. sem pressa. sujeito obscuro na linguagem. sujeito barrado em seus desejos. sujo e sereno nas ruas. no torvelinho da chuva. entre letras, cafés, rum, morangos. a flor d'alma na mão. o pé doendo como prova de vida. vida que resiste ao mergulho em álcool num salto de 3 metros. e tão místico deixa a cidade. estranha me levas. n'uma sensação de que nunca cheguei. nunca, parece, que estive lá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário