sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

eu esperei a campainha tocar. sapatinho de cristal solitário sobre o criado-mudo. mas, o sapato perdido, como o coração partido, não apareceu. talvez meu príncipe não tenha visto o recado. talvez meu príncipe tenha perdido a nobreza. o sapato agora manca e faz falta. o celular não chama, talvez ele ainda tenha meu número. nenhuma carta ou e-mail. onde estará central de reclamação. talvez os contos de fadas não se repitam entre dois garotos.  resto eu, um pé de sapato inutilizado, um desenho feito, um convite de café... posto num futuro remoto. no presente próximo: a tv, o analgésico pra enxaqueca, macarrão instantâneo e uma barra de chocolates. eu dei um salto para tentar estar perto de ti, saltei o meu próprio abismo, meu pé vacilou, errei a mão. perdi meu sapato, mas aprendi a lição da madrasta má: devorei meu próprio coração.

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