(para...você
sabe, não...)
sabe, não...)
os ombros pesam, aquela marca no ombro e na barriga, inexistente, mas que dói. dói como o frio. talvez pudesse publicar aqui um de teus poemas, mas são teus, embora você nem saiba ainda. isto era para ser um verso teu. há a sede rolando no chão da cozinha. as mãos quentes contra o corpo mais quente. há todo um filme tatuado no fundo dos teus olhos. as mãos se acidentam contra o arquivo: Mário de Andrade, duas cartas e uma dúzia de copos de cristal para o Rio de Janeiro. Lembro do bodinho de Santa Teresa. Onde andará o anjo maroto? Coisas de Bernini. Subo as escadas. Não sei encontrar a ti no desejo com que me encontro abaixo, sobre, adiante ou ao revés do teu corpo. É São Paulo quem erra mais uma vez. É por isso que é São Pedro quem tem a chave do paraíso. Impossível fugir aos mendigos que acertam no escuro da cidade sempre um corpo a mais. um corpo a mais em queda. livre. há, certamente que há, o medo. Qual é o crime de quem sequestra um anjo dos céus? deveria fugir ou aceitar a pena imposta. oscilo nas letras. tenho o futuro traçado, só os detalhes vazios. talvez o erro: preencher um rosto, dar forma ao desconhecido. e eis novamente o medo e a angústia. Gramática em punho. Não mais e não agora. Repido, Baudelaire, como versos em diamante (não humildes chaves de ouro), os clichês de antes. o quê me espera no futuro deste corredor. não, isto não é uma metafora. os botões da camisa listrada em vermelho casados errados. os botões da calça em aberto. qual o sintoma? para além da pequena cama. o que faz sintoma é o que se pressente e preenche com presença este espaço mínimo. Tenho medo de faltar razão suficiente. há as coisas para entregar ainda. as coisas esquecidas, que deveriam ser entregues. a viagem sem data ainda, mas será preciso retornar. eu sei que todo ser tem a sua razão, mas qual é esta razão de um anjo antinatural, tão mau e especular no seu reflexo de azul. por tentar mais que o título, a mão suspensa ainda aqui, impossível dizer mais do que isso ou novamente. minha razão é acreditar à exaustão. em quais estrelas você acredita?