quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

em møllehøj o céu não fecha, não agora e nem nunca. o ponto cego da objetiva te captura. passo a língua na paisagem. as papilas gustativas vibram quando passam por suas pupilas: as papoulas profundas de teus olhos escuros. não faço versos como quem chora: eu sequer faço versos. falsário roubando lentamente as palavras. senta-te diante de mim, toma café comigo, aproveita as horas que se esquecem. me deixa me perder nas linhas de teu rosto. é o tédio! - os olhos seus que a chorar sempre estão. é o amor! ainda, apenas dom desconhecido na penumbra a te tocar de leve com as pontas dos dedos. tiro minhas roupas e como um deus antigo vou desnudo para teus braços. nada, somente esta espuma que ainda insiste, entre as palavras, como um balbúcio. pinto as cavernas e minha caveira balança. foi o rítmico suspense do sinistro que nos colocou assim. você entenderia este meu lance, este último lance de dados? o leque na mão desluvada não refresca a angústia. você saberia, em sonho, dormindo, repetir ainda meu nome? talvez o silêncio seja a moira tecendo e tecendo e tecendo uma tragédia sem fim.

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