segunda-feira, 20 de setembro de 2010

um pouco menos de silêncio

talvez houvesse um grito. talvez apenas o leve respirar. você não responde. é sequestro. o que abre a pele. há a fissura. eu escovando os cabelos diante da cena. alguém me diz um poema em sussurro. é o desejo. no vazio o que ecoa é sempre a angústia. as trevas tem peso. não te disse que gostava de valéry, você não entenderia. traduzo sempre os mesmos versos. escrevo eternamente a mesma linha. são nos meus passos que encontro as tuas pegadas. as crianças de meu silêncio se põem no vazio do balanço do parque. há o leito e o sonho da minha vigilância. as palavras são mudas e gélidas. não há pessoa pura ou mãos divinas que lhe velem o sono. seus sonhos são doces, mas teus passos retidos. sem deus! eu sou... isto. meu corpo não acompanha tuas sombras. és silfo e habitas o ar. nem visto, nem conhecido, és perfumo vivo e defundo da minha memória. há um vento que sempre sompra e vem. ouço um patético beethoven. será que narciso era belo? queria poder gritar. no escuro da sala de cinema onde se confundem catedral e castelo. os cavaleiros que não existem, mas insistem na final tela. me darias tua luva. me darias tua mão. quantos exércitos se perderiam para entrar em teus portões? eu apenas pincelo um desenho ainda. não sei do teu rosto. e não sei de mim. chove nas clareiras da mente. afogo um pensamento nu. eu canso. fecho as cortinas. o escuro. a chuva. a dor. a água. o quente. o corpo. a queda. ainda isto. são sempre palavras demais que sobram dentro de uma caneta depois do fim.

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