quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Anos-luz

ヤクザ

Roça devagar no meu pescoço, mordendo, beijando de leve. São 3 horas da manhã e meus pêlos ser eriçam ao desejo deste toque. Minhas costas nuas se entregam ao teu punhal traiçoeiro. A mão sobe, as pálpebras descem. Quantas estrelas eu posso contar? Quantas constelações você pode desenhar? Há sempre o gemido que escapa, um toque a mais e uma marca que fica. Calço as sapatilhas de ponta, amarro a fita apertada em torno do tornozelo. É preciso sempre apontar para o longe. Uma perna sobe, outra perna sustenta o corpo. Pode ser que haja equilíbrio. Piso macio e não sei pular muros. Não gosto de muros. A língua é fria, mas as palavras são quentes. É preciso dançar um pouco mais e sobreviver na corda bamba. Meu tornozelo esquerdo tem a memória marcada de Belo Horizonte. O raio-x serve como uma fotografia. Vejo a marca no osso. É preciso confessar que eu pulei e sapateei sobre o túmulo de Mário? A testemunha não pode falar, mas talvez possa tirar fotos escondidas. Never more. O vento bate na minha janela. O que significa esta frase. O que significam os nós dos dedos do vento batendo nos nós da madeira que emoldura minha janela. Sem romantismos. Na madrugada há sempre um galo que canta e outro que repete o canto. Talvez seja a hora de abandonar a escrita ao sua própria mancha. Esquecer o nome. Esquecer o texto. Preciso do silêncio da madrugada. A lua ocupa o lugar do sol. Talvez eu devesse voltar a outubro/2005 com sua Yakuza e meu coquetel de diazepínicos e Black Label. Três dias de suspensão. Três dias longe da minha própria companhia. Quem é você agora? O espelho está coberto. Soletra seu nome para mim. Vou te ensinar meu próprio sinal e ele é feito apenas com o polegar e o indicador dispostos diante da boca. Desta maneira. Vê? Não danço mais. Amanhã não lerei mais os romances de adolescência. Conte dois meses e doze dias exatos. Ultimamente tenho esquecido de como se escrevem algumas palavras. Você não entende o que te escrevo. Qual o porquê de ainda escrever as mesmas coisas? Talvez eu precisasse que você suspendesse sua torre e esquecesse de dar o cheque-mate.

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