segunda-feira, 27 de julho de 2009

a voz de fêmea possante
se apossa e desposa meus ouvidos
fumo aqui meus cigarros exóticos
roubo copos e crimes quebrados
bebo e falo um certo francês
embebido de falsos champagnes
e doces sorrisos
impossível esquecer que estamos aqui
improvável esquecer que estivemos aqui
entre sons e venenos
perdendo a cabeça num début
de dinheiro e inocência
imerso na sensação de que nada houve
posta entre o dormir e o banho gelado
o banho reiterado na chuva
o banho como desejo que se ausenta
na ilha distante
o sol nascia às minhas costas
nu, o mar se envergonhava
enquanto eu jogava um jogo estranho
refletindo nas lembranças do Cristo
de meu crucifixo dourado que trazia a mão
há a misteriosa foto
violentada no silêncio de um clique
ele sorriu deliciosamente quando saltou do bonde
meu passante baudelairiano
minha recusa e gesto de socorro
aquele que certamente eu amaria

de resto a vida segue
sem direções

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