domingo, 5 de julho de 2009

margerita

o sexo na praia foi horrível. muito laranja. sem nenhum pôr-do-sol. nada se punha. a não ser inúmeras pedras de gelo. as flores voavam em 190. tinha um quê de noite latina. e ouvia ao fundo Pretty Woman. saldo: nenhum copo roubado. trocar Paris por Acapulco. um ritmo de sépia. um maxilar dolorido. as pétalas de tequila se esfacelaram pelo chão. não houve beijo com sabor de cointreau. nem poderia. a altura do prédio balançava como um salto alto recém desenhado. o resfolegar de John Wayne com três piscadelas e nenhuma psicologia. o corpo se punha entre a sociopatia do copo e a psicopatologia do sal. a suor era suco de limão. o gesto cabalístico une antípodas e até um canudinho pode ser fazer aliança entre espécies hostis. sem fantasia. a necessidade de ser enquanto Madame Bo-va-ry na Bavária. sabe-se J. Bond não faz a francesa. nem poderia. falta-lhe séculos de civilização. ele a tudo responde com poker e três copas de puro Le Crystal. na casa não havia nem sequer Moet Chandon. atrás da pupilas, as beladonnas sorriam. e depois choravam. a inglesa que segurava o Oscar, belo marido, sussurrava palavras de conforto. a maquillage escoou. diva anos 40. pra ser sincero 48. sem medidas de quadril. arrisco um telefone na unha. espirro. pincelo o rosto. experimento o pó. três degrades de luzes faiscantes. rosto de zéfiro numa alma mercuriana: safo encanta os orfeus e morfeus e embriaga a noite. céu sem estrelas. sem voz o corpo acorda no dia seguinte. pior que a ressaca, só a filosofia. a reflexão do espelho diz do que resta. eis o fundo. do copo.

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