sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Français non plus?
Y tú?
...
vejo o esfumaçado de um azul discreto,
uma força que se dispersa, elegante e incerta,
mas já é o cair dessa noite que se amansa/
pela clareza dos meus olhos ofegantes;
uma textura que se mistura, um certo âmbar,/
diluído no seu peito arfante;
_esse seu peito.
nada além de um cello que se quebra,
não há tufos de carinho,
não há formas conquistadas no céu,
não há delírios de manchas ou rajadas súbitas;
no leito de curvas no cetim,
recostadas sobre um dos seus ombros,
suspensas, minhas mãos deslizam,
nuvens passam no bico do seio,
borram-se do seu colorido morno,
banham-se da penumbra que se faz gargantilha,/
rubis cintilantes no seu pescoço macio.
óculos largos, nele refratam o brilho adiamantado,
e o Valentino depura a exatidão no olhar dele:
_gatos, afinal, nos protegem dos que morrem.
ele me diz, "pouco provável",
enquanto me dirijo à sua mãe, e/
vou pedir a sua mão.
anéis, braceletes e até um brinco oval,
brisa, nada me comove quanto o relance magiar do garoto.
frisa, make-up concluído.
a luz do poste sincroniza-se com a valsa do menino,
o detalhe entre o soneto e as sombras,
o foco indireto no jardim,
os refletores no campo vazio,
uma capa fina em caracol/
que pisca e acena no pinheiro,
uma refeição às escuras.
meu perfume nas mãos dele.
em número de dez,
uma a uma,
todo o candelabro da bisavó:
ilumino por educação, apago, intuição.
prefiro o escuro dele, onde guarda suas jóias.
queimam-se todas as máquinas na casa de chá,
do bule para a insuficiência respiratória:
dezessete minutos, ou dias?
_a/ casa,
_é o/ caso,
_me/ casa?
______

26-XII-10

André Feitosa

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