segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

s.f. pl.
conjunto de sensações físicas e ou psicológicas dolorosas,
geralmente intermitentes (ex: dores de cabeça).

sempre tenho os dias que são insuportaveis para dormir. a noite quente, insetos, o ruído insistente do ventilador, com música, sem música. piano, violino: dor. a cabeça dói, pesa, lateja. no canto da boca um corte. cloreto de sódio para estancar o sangue. solução à 0,9%. afogando o fantasma. na cartografia que alucino descubro uma estátua em são paulo, no centro de são paulo, busto romano em cobre. não sei se gosto de estátuas, mas na dor que pesa como pedra, precisa ser moldada. mais perto descubro outra, quase serena sereia em marfim. quase o mesmo peso de vida. nem meio século. longe, ao longe, no horizonte, num parque aberto à niemayer, outra. é bernini quem me seduz em e volutas. há a necessidade que o corpo se apague. o vento mecânico é que me abraça. você perdido na stazione di tor di quinto. a boca sangra, o gosto ocre na boca, a fronte lateja. quem me colocaria para dormir, no silêncio da aurora que se abre como crisálida para mais um dia quente. insuportavelmente quente, mas é uma segunda-feira. sempre insuportável, como o correr dos dias. em algum ponto há sempre alguém que vence, ou o corpo, ou a dor que se põe e se encaixa matemática e geometricamente disposta no corpo. me pergunto: qual a imagem do pensamento na dor?

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