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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Um gole de cerveja lento, uma pitada no cigarro, um sorriso largo, espontâneo, gargalhada alta, daquelas sem vergonha dos que estão ao redor. Do outro lado goles rápidos de uma caipirinha ou outra bebida qualquer feita de destilados, gestos rápidos, palavras jorradas, histórias, risadas. No meio um sentimento: uma amizade simples, pura, sem muitas complicações ou pretensões... Livre, assim como os espíritos dos amigos.
Começou sei lá quando, em sei lá que lugar. Foi aos poucos. Duas pessoas com amigos em comum, se conhecendo, se estranhando, se admirando, jogando conversas fora. Hoje o seu sorriso me faz sorrir e suas histórias me fazem viajar. Aquela conversa gostosa, sobre qualquer assunto – o preferido? Hummm, só coisas boas! – e sem hora para acabar.
E hoje eu espero o próximo gole para continuar com as risadas gostosas e as histórias fantásticas deste ser barroco, desejando que noites como estas nunca tenham fim, apenas finais felizes.

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Jaraguá/ Florianópolis, 26 de janeiro de 2011.
Talita Ewald Wuerges

Joyeux anniversaire


O que me atriu de primeira foram as longas mechas, aquela estranheza de toda estréia, que ele nem lembra. Os pés esticavam ao infinito sabor ballet, abraçado no cara errado, e eu roubava a bebida aos pouquínhos enquanto conversa com o escudeiro.
Me atraiu da segunda vez o Mário, de Andrade, resposta da minha segunda pergunta, O que você pesquisa?
Daí vieram as conversas fora de hora, o papo furado, o barroco, as inseguranças, os conselhos, as teorias malucas e uma inclinação natural, ou melhor, uma tendência a desempenhar o personagem da vítima.
Tenho que dizer que aprendi a gostar dele e muito, Ev é meu crush francófono e meu melhor amigo da madrugada, não importa há quantos anos, nem por quantos anos mais. Importa a madrugada.
E com todo o “quê” de Diva dos 60, celebra aniversário e fica mais charmosa, ninguém se importa mais com a idade depois da terceira taça anyway.
E agora só restam meus apelos darem resultado e ele também se tornar meu professor de francês, e a vítima de sequestro, que já solucionou meu crime, mas aguarda meu resgate.

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Calgary, 26 de janeiro de 2011.

Lennon Mota
Por muitas vezes pensei em te dizer ‘eu te amo’ mas não soube quando nem como.
Pensei em te dizer o quanto você é especial pra mim e em logo em seguida ficar com a maior vergonha do mundo por ter dito isso, mas pensamentos são apenas pensamentos.
Um abraço, um beijo. Momentos como esses, por mim, poderiam durar toda a eternidade.
Segurar tua mão, ouvir tua voz: isso me conforta de uma maneira que com palavras eu não consigo explicar. Nesses momentos o ar parece rarefeito, e meus pés parecem não tocar o chão.
Sonhos e noites mal dormidas com a cabeça no travesseiro e a mente loooooooonge, pensando em você. Não queria que sonhos fossem somente sonhos e pensamentos, somente pensamentos, mas eles nunca são demais.
Quem sabe algum dia, eu te fale tudo o que eu tenho pra te dizer?
“Eu te amo” três simples palavras, mas tão difíceis de serem usadas corretamente. Apenas três palavras que não só são para ser ditas com a boca, mas também com o coração. Três palavras assim como “eu te odeio”, mas ‘eu te odeio’ pode ser dito com facilidade... Mas afinal de contas, construir um castelo de cartas é inúmeras vezes mais trabalhoso e difícil do que derrubá-lo, não acha?

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Campinas, 26 de janeiro de 2011.

Gabriel Furlan

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

quando eu tinha um aninho...



então, blog crescendo e envelhecendo...
há um ano atrás, graças ao @assuncion ele tinha esta carinha que segue aí abaixo e que muitas vezes infernizou muitos de vocês.
agora, com o empenho do @uddg ele vai de livros, audrey e a florestinha meio-macabra...
e é esperar o que o novo-ano nos aguarda.
sempre sem promessas....
mas sempre à espreita.

beijos.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Escrever um texto para o blog dos outros, nao atualizo nem o meu!

Mas ta, ta fazer o que, a gente tenta aqui pensar em algo, idéias eu tive mas esqueci junto com as cervejas e tequilas de ontem.

E também meu blog é uma grande inutilidade, escrevo a cada 10 anos e para alguem ver eu tenho que ficar floodando e pedindo “leia!”. Gosto quando leem e comentam algo completamente longe de “ha, gostei” ou “eh ficou bem bom cara”. Nao descarto essas demonstrações de que se deram ao trabalho de ler mas qualquer coisa a mais que isso significa que algo eu acertei no texto.

Blogs são para quem escreve e nao quem lê. Se o cara escreve o que quer a opinião de quem se submeteu a leitura nao importa. É mais uma terapia da escrita, gastando a sua criatividade ou tornando util 1% do tempo que se perde no computador diariamente.

Adiciono que estou escrevendo esse texto na casa de um amigo fora da minha cidade, enquanto ele tenta dormir num dia quente. Predição: O texto vai ficar horrivel, mas eu tentei...

A quero acabar mas está tão pequeno, nada veio, talvez venha, posso deixar de molho entregar em alguns dias, posso mandar assim incompleto e dizer que está completo.

É fecho com: Poderia ter feito melhor.

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Florianópolis, mas de algum lugar entre BH e São Paulo, 20 de janeiro de 2011

Leonardo Lopez

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ao puro de coração

Não tem brilho nem estrelas. Deve ser por eu te ver como poucos: simples, seco, sem frivolidades. Vai bem além do menino minado que se esqueceu de crescer e ainda diz: “eu quero mãe, e quero agora!” É o intelectual forte que te permite errar um ou dois argumentos, mas depois de esmaga, sem crueldade (mas com sarcasmo), com o peso infindo dos anos de leitura.

O que nós sabemos o que eu me permito saber, é que as borboletas no estômago foram devoradas pelo suco gástrico e que a grande maioria das pessoas não sabem esperar as coisas acontecerem. E como um cisne negro que chora lágrimas de cristal, você dança por entre as tristezas tirando delas o que ainda é concreto e depois renasce como uma fênix talhada em outro e pedra.

Que força é essa que na simples menção transforma a escrita e traz palavras que, quiçá, vão permanecer para sempre? É a força que nos eleva num espiral vertiginoso e depois nos lança fracos e nus sobre as ondas do mar. Força essa que nem depois de oito estações perdeu o ímpeto de revelar e iluminar.

Quero que prossiga não em pessoa, mas naquele que você representa. Um pacto de sangue negro e azul; a dança da bailarina cega sobre uma corda num penhasco. Prossiga aflito nas nossas mentes nos inquietando com seu discurso: “já é madrugada! Acorda, acorda, d’accord, d’accord...”

Et une jour sur un portrait noir et blanc, je vais ecrit: “no coração fiz um amigo e para vida o cultivei.”
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Florianópolis, 19 de janeiro de 2011.

Vinicius Neri

Presente de Aniversário


Poderia começar com o clichê: o blog faz aniversário, mas quem ganha o presente é você, mas no no no no...
A coisa toda é simples. Uma brincadeira simples.
Em meio aos presentes-textos que estou ganhando (faltam alguns ainda), resolvi achar o meu jeitinho de retribuir, mas como escolher alguém é complicado, a gente deixa isso pra um programinha de sorteio (que agradeço a indicação do @tiul @adrianozeff e @rubinho, com direito a tutorial for dummies).

Enfim...
fiz três esboços de bailarinas aqui, à bico de pena e nanquim, escolhi a melhorzinha para sortear (a foto não ajudou muito, mas é bem bonitinha tá? acredite e confie).



O método é o de sempre: rt e mimimi. Acho que todo mundo já sabe brincar disto.

( o link pra rt é este aqui: http://kingo.to/rb8 )

(ou na dúvida clica AQUI)

Deixo pra sortear no dia do aniversário (26/01).

beijinhos,
babies..

Ev.


ps. depois do sorteio a gente troca infos e mimimi pra enviar o original pelos Correios.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Meu caro Welsts (posso te chamar assim?),

Peço sua licença pra macular seu espaço com uma prosa bem mundana. Não sou versado em poesia. Quem me dera ser um bom contista, ensaísta.

Você tem apenas dois aninhos e já é denso e complexo desde o primeiro instante.
Ou o tempo de um blog passa mais rápido que aqui fora,
Ou é aquilo: "Tal pai, tal filho".
Ou os nomes tem poder? "Dor do mundo".

A dor faz parte da vida, pequeno blog. Mas não precisa definir uma vida.
Não posso evitar que você sinta dor. Mas posso te estender a mão, fazer olhar pro outro lado.

Muitas vezes não te entendo mas reconheço e admiro a sua beleza e riqueza interior.
Admiro e me encanto como alguém que contempla o nascer de um dia.
E você está justamente aí, ainda nascendo, com muito a viver.

Então, viva muito!

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São Paulo, 17 de janeiro de 2011

Ricardo Matos

Do quinto andar.

Era preciso muita preguiça para subir todos aqueles degraus de elevador.
Passar pelo corredor sem cantar ou sem saber que a porta poderia estar trancada.
Mas eu subia as escadas em silêncio porque meus pensamentos agitados
esperavam te encontrar.
Naquele quinto andar.

Era manhã bonita de quarta-feira e o sol se escondia entra a letra A e B
e eu escutava batuques ritmados sem perceber que era hora do almoço
Aquele ar me fazia esquecer do dia a dia com cara de final de semana.
E de longe eu sentia você perto
Naquele quinto andar

Era difícil aquela língua diferente, aquela cidade nova, aquela carteira usada
Respirar cultura empoeirada sem ter noção do valor da traça
Aquele teatro histórico, a biblioteca intitulada, a dança moderna e clássica, o título engraçado.
e você sabia com maestria tudo o que me encantava.
Naquele quinto andar.

Era dezembro e eu não fui a praia.
Esperei o sol chegar para eu ir embora sem ter coragem de aceitar uma nova estrada.
Aquela vontade de me dividir em duas e deixar minha caneca naquela geladeira.
Como uma forma de dizer: “ainda estou por aqui”
e eu escolhi seu desenho pra te levar comigo.
Naquele quinto andar.

Crescer
Voltar para uma casa que ainda não era minha.
Esperei fazer anos, ganhar dinheiro, andar de metrô sem garoa nos meus olhos apesar de toda a saudade.
Assim como eu, a caloura eterna,
assim como tu, meu veterano amado,
assim como seus escritos, angústias sábias.
A gente se joga de salto alto, mon amour.
E voa.
.
.
.
.
Não precisamos mais andar.
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São Paulo, 17 de janeiro de 2011

Natália Sanches

Mem.ó.ria




Escaneio meu toc
Com ou sem toque:

Letras, com letras, e pelas letras.
Doçura? Amargura?

UFSquê? NELIC.
Bazzinga!

En Français? S’il vous plaît.
Ballet? Mallarmé!

“Garoa do Meu São Paulo”
Com que Mário? O Luigi!

Libra? Libre! Cuba Libre!
Mas Scorpio, sempre Scorpio.

“I could have danced all night”
entre Dior, Valentino e Chanel.
Valentino Dior? Miau!

Meu nome é Ev. Evandro é apelido.
Mas também pode ser Holly Golighty.

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Detroit, 16 de janeiro de 2011.

Juliana Bittencourt

sábado, 15 de janeiro de 2011

São Paulo e algum caso de amor.

Para: Cidade luz por direito.
"Eta vida besta, meu Deus"
(Carlos Drummond - 1930)

Você tem um dever a cumprir. Consulte sua consciência.

Ele não saiu naquele dia. O cartaz foi colado no muro de casa. O Brás estava agitado, operários parados, as janelas tornaram-se palcos. Nunca houve tanta fofoca e boatos como naquele dia. Ao pequeno bambino só restava ajudar a avó a costurar as roupas da vizinhança. Gostava de costurar. A avó era seu porto seguro. Os irmãos mal lhe dirigiam a palavra. A mãe reparava, (com desprezo), seu singelo jeito de segurar as bonecas da prima. O pai mantinha-se ocupado em operar a máquina da tecelagem. Vivia sozinho, no seu infinito.

A cidade é infinita.

O menino perderia as primeiras aulas de ballet com a delicada instrutora, (como gostava de ser chamada), a pequena professorinha possuía uma escola de dança no centro. Alemã, fugiu de uma pequena cidade próxima ao Danúbio. Foi difícil. A cidade sempre lhe pareceu grande demais, monstruosa. Instalou-se. Casou-se. Feliz. Ser professora nunca foi seu sonho. Lago dos Cisnes no Municipal, sim. A vida acabou lhe reservando outros planos. Passou a adorar aquelas crianças. Ela amava o que fazia. Ela ensinava arte.

A cidade é cada história dessa gente.

Rua São Bento, esquina. Facilmente identificável. Quinto andar. A escola recebeu poucos alunos no início. O medo era quase que generalizado. "Será que isso fica de pé?". Bobagem. Ele erguia-se no meio do outros art-nouveau, que antes não passavam de 5 andares de altura. Olhava a cidade em sépia, tomada pela névoa. Ele sabia de tudo. Seu olhar via os homens de chapéu, que mantinham o passo apressado no Anhangabaú. Suas janelas enquadravam as mulheres, poder do Número 5 subia até a cobertura. 30 andares. O Martinelli. Ele foi o primeiro. O mais importante. Inesquecível.

A cidade é cada construção.

Tiros para o alto. Um deles atravessou a janela do 2º andar. Correria. A Galeria Prestes Maia servia de esconderijo. A multidão incontrolável. Cavalaria. Do alto, as ruas tingiam-se de verde, os soldados tomaram as avenidas. Não se via mais chapéus, o cheiro no Número 5 não fazia mais efeito. Cheiro de sangue. Os combatentes viram o sonho se distanciar. A cidade continuaria sendo apenas um motor. A vida no Brás continuaria sendo regida pela máquina. Procurando paz, imigrantes continuariam vindo. Gigantes continuaram se erguendo no horizonte. O status quo seria mantido.

A cidade é cada um deles. Homens, mulheres. Soldados.

A vida besta nunca lhe pertenceu. A vida de pormenores só pertencia às casas da Mooca. Ilha como tantas outras, pessoas cercadas de pessoas por todos os lados. Ilha como não há igual. Sem pontes de ferro que não ligam nada a lugar nenhum. A falta de sentido nas coisas é o charme da sua existência. Às vezes expansiva, às vezes introspectiva. Mão de obra altamente qualificada, metralhadora de conhecimento. Burra, como uma porta. De concreto armado, suas linhas se mostram frias, insensíveis, retas, calculadas, técnicas. Por fora, apenas. Por dentro, seus contornos assimétricos, parecem resultado de uma explosão. Difícil de entender, um mistério, um deleite. Um convite à descoberta da sua essência. Só para corajosos. Emocional, frágil, roller coaster of love. Amour. Amore. São Paulo, eu te amo.
De um Paulistano, apaixonado.

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São Paulo, 14 de janeiro 2011.
Otávio Melo

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

We’ll always have Paris…

Penso em te escrever. Penso números, descarto versos, páginas e mais páginas, “tudo pó”, alguém disse. Dois anos. Dois anos de quê? Nunca entendi muito bem essa cronologia ocidental, (?) inventada, a vida devia ser medida de giros, saltos, gritos, gemidos, sorrisos, lágrimas, faltas. Faz também dois anos que te conheci. Que dançamos pela primeira vez. Que nós, inevitáveis e errantes, fomos. E temos sido desde então. Nada de números. É dessa outra coisa que éramos feitos.
E agora isso. O silêncio. O eco do quarto vazio. Eu Boreal, você Austral. Que se há de fazer? Nos aceitamos assim mesmo, anacrônicos. E agora isso. Essa coisa que pesa aqui dentro, sem saber ao certo o quê, onde, quando, andando de um lado pro outro de mim, de ti, dele, de todos. Escrevi mesmo pra te dizer que ando meio assim, meio aqui, meio ai, sempre lá, sabendo voce, também, sempre acompanhado, sempre sozinho, Hemingway, Calvino, Baudelaire? Amanhecemos Clarice, lemos New Yorker Caio F., double espresso, please, depois central park, 5 PM english tea, Shakespeare, jantamos La Bohème, dormimos os mesmos. Sempre os mesmos no fim do dia…
Olho pro mesmo teto de ontem, de anteontem, de mês atrás, o mesmo desgastado no canto esquerdo, perto do abajur, no chão, o mesmo rastro de poeira no rodapé, os mesmos livros espalhados, nas paredes brancas só a falta: teu rosto, me ditando sentidos. De longe o trem passa, apita, grita teu nome, porque teu nome era assim, sem forma, sem letra, só um grito, agudo, sofrido, calava de repente. A mesma musica, I’ve drove to new york, aquela, da nossa última noite juntos, de quando o sol nascia, sul, norte, I’ve made a lot of mistakes in my mind, in my mind, eu assistia o movimento de teus lábios. Você sorri quando dorme. All things go, all things go… Han, tolice a minha. Não entender que o que me trouxe aqui, que te deixou ai, foram esses números. Os números que ignoramos, deixamos passar, cair, junto com as estrelas que esquecemos de contar. “Never mind”, you would say, “très bien ensemble, ma belle, très bien”

____
Flórida, 14 de janeiro de 2011.

Andréa de Carvalho

Français non plus?
Y tú?
...
vejo o esfumaçado de um azul discreto,
uma força que se dispersa, elegante e incerta,
mas já é o cair dessa noite que se amansa/
pela clareza dos meus olhos ofegantes;
uma textura que se mistura, um certo âmbar,/
diluído no seu peito arfante;
_esse seu peito.
nada além de um cello que se quebra,
não há tufos de carinho,
não há formas conquistadas no céu,
não há delírios de manchas ou rajadas súbitas;
no leito de curvas no cetim,
recostadas sobre um dos seus ombros,
suspensas, minhas mãos deslizam,
nuvens passam no bico do seio,
borram-se do seu colorido morno,
banham-se da penumbra que se faz gargantilha,/
rubis cintilantes no seu pescoço macio.
óculos largos, nele refratam o brilho adiamantado,
e o Valentino depura a exatidão no olhar dele:
_gatos, afinal, nos protegem dos que morrem.
ele me diz, "pouco provável",
enquanto me dirijo à sua mãe, e/
vou pedir a sua mão.
anéis, braceletes e até um brinco oval,
brisa, nada me comove quanto o relance magiar do garoto.
frisa, make-up concluído.
a luz do poste sincroniza-se com a valsa do menino,
o detalhe entre o soneto e as sombras,
o foco indireto no jardim,
os refletores no campo vazio,
uma capa fina em caracol/
que pisca e acena no pinheiro,
uma refeição às escuras.
meu perfume nas mãos dele.
em número de dez,
uma a uma,
todo o candelabro da bisavó:
ilumino por educação, apago, intuição.
prefiro o escuro dele, onde guarda suas jóias.
queimam-se todas as máquinas na casa de chá,
do bule para a insuficiência respiratória:
dezessete minutos, ou dias?
_a/ casa,
_é o/ caso,
_me/ casa?
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26-XII-10

André Feitosa

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

dois anos são, aproximadamente, 730 dias, 11 horas, 38 minutos e 24 segundos.
são também centenas de textos, uns milhares de frases, outros milhões de palavras, e bilhões de caracteres.
tudo isso costurado por imagens, desenhos, sentimentos e coisinhas bonitas, feias felizes e tristes.
são coisas dele, minhas, nossas, de cada um que lê.
são coisas.
belas. sujas. puras. oswaldianas e horizontais


Flores Horizontais
flores da vida
flores brancas de papel,
da vida rubra de bordel,
flores da vida
afogadas nas janelas do luar
carbonizadas de remédios, tapas, pontapés,
escuras flores puras, putas, suicidas, sentimentais.
Flores horizontais.
Que rezais?

Com Deus me deito.
Com Deus me levanto


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Florianópolis, 13 de janeiro de 2011.

Lara M. Guimarães