sábado, 2 de maio de 2009

tem momentos em que a crua sintaxe requer e detém em si mesma o nó, vulto de força, que nos prepara a forca, n'outros tempos, gira apenas como os elos de uma cadeia onde gemem alguns fantasmas e caveiras, de tudo entre maquiagem e tinta, pensa, pena.. retém. todos os dias as letras surgem como exercício, quebra-cabeças de impossível resolução, cujas peças são brancas e insistem em nunca formar um quadro maior e com alguma beleza. é apenas a solidão do jogo. jogo que se joga sozinho, para ninguém. como quem brinca de acender velas no escuro para queimar velhos retratos. a escritura nunca parece querer que se complete, assim, as palavras concatenadas sempre correm soltas. quando há filosofia falta beleza, quando simplório, um lirismo campônio é o que resta, quando nobre e resoluto, hermético, se sequer livre é texto prostituído. a escrita não perdoa, não tem moral, não tem ética. é crime violento. domina. requer. acorrenta. impossibilita a felicidade. um felicidade terceirizada em erros ortográficos que moem o estômago, em palavras sem sentindo, palavras supérfluas de dicionário. o poema é um diário demoníaco. acordos, convenções, desejos, insistência, beleza. tanto de gênio, tanto de musa, nada de eus. o sub e o sobre se escondem. comum é o jogo de pedir um café preto, um cigarro e olhar a noite. beber. beber. café é como rito desconhecido. essência que molha as palavras infundindo algum paladar, um aroma turco de mágica bizantina. palavras postas em mosaicos de perfil. as palavras se enrolam nos drinks. não perdoam. jamais perdoam. leis de cunho ditatorial. sem gramáticas. sem reiteirações. apenas dêixis de uma necessidade que ser quer marcar a todo custo a ferro, tinta, fogo, arquitetura. sem tradição. sem deuses. sem mito. a escrita dilui os mundos em máquinas de escrever que sabem tocar a música. a música daquele que escreve e executa a partidura suada de tecer em notas insonsas e insonoras o texto que apenas aparece, sempre aparece, como quem não quer mais do que se mostrar exibidinho, mas aparece, deixa-se ali... estar ali... sempra à espera, sempre feminino, para ninguém. silencioso e murmurante, seios fartos e vazios. faz tecnocracia de dois dedos, respira, resvala e deixa-se se apagar. nunca será lembrado mesmo.

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