domingo, 3 de maio de 2009

telegrama parafrásico

a Mr. A. C. V.
Um coração em acidente, uma veia que estoura: xícara de chá vazia e nada mais. o café escoa ralo abaixo com as últimas gotas de esperança, abandono Poe: para nevermore... nevermore... há uma insígne dor de calo, calo de salto alto que insiste.I like Chopin, é o fundo da cortina. Todo o andar de bailarina com coque desmoronando. começo a ter um vazio de certeza. Um vazio que talvez diga não. Encho a xícara uma vez mais, nas longas curvas, os longos dedos de unhas roídas, ali onde se esquecem as fumaças do cigarro. Sarah me oferece um luck strick, há esperança neste sorriso horizontal e olhar que fura almas. piscadelas para afastar o mal. Onde estará meu whisky, reclama meus olhos embebidos na fumaça. Renegando cérebros ao rés de ti com todos os seus AVCs. É hora de queimar as crenças: bruxas destruídas sem sonho e sem nenhuma literatice. Há coisas que doem como o vazio, como resto de açúcar, resto de 3 cubos simétricos de ilusão. Quando o cansaço bate, esqueço, iria escrever em francês, mas digo não. A publicidade me destrói. Eu insisto no não, no nada. Não quero mais três goles azedos de leite. Tento avaliar no nível das palavras as coisas que me doem agora. Terá algo mais? A insistência me cansa: more, more, more, datilograficamente, more. Nevermore. Odeio as aves. Os cães do inferno me olham de lado, lambem meus pés com uma língua em fogo. A frase hermética seguiu como um telefonema anônimo, cartão postal para Sarah contendo uma ária secreta até para ela (não lê, todavia canta, degraus abaixo como oitavas acima, sinfonias em X maior). Recitando e conjugando as leis, mescla num sorriso um último gole de café com vodka. Três estrelas. Cinco: vendido! Nenhum diamante. Os corações jogados no lixo, etiquetas roubadas e lenços de seda. Respiro Armani. Vomito Le Grand Vefour. Sem abusos entenda. O telegrama está perdido. Diga que não entendes e morres. Simples. Vivaldi toca ao fundo. Aqui, a xícara, os cubos, eu... as letras e a certeza doendo como punhal.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. o auge é o início da queda que gera as cinzas e um ovo.

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