sexta-feira, 15 de maio de 2009

Profa. Helena

na guerra da classe gregos e troianos se armam. a mulher mais bela do mundo. tem giz. tem pó. tem a arrogância necessária de um salto alto. a potência de quem se equilibra na agulha do mundo. detesta alguns mortais e no passo justo da saia justa. Chez Chanel. cabelo em coque alto. olhos de mar profundo e imóvel. olhos glaucos de quem insiste em lentes grossas de um mundo borrão. há o fundo da sala. o burburinho. a réclame. as pautas. as linhas. os caracteres. o que resta. pensa a vida última da sua biblioteca: duas dúplices bibliotecas de livros sem capas e com fios desencapados. odeia os risos de nada abafados atrás das portas e embaixo dos tapetes. falsiforme indecisão de quem muito sabe. arroga a palavra, alisa a barra da saia. cansada. despenca. um império se destrói. o que resta é o pó e o cálcio dos ossos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário