terça-feira, 28 de abril de 2009

tumba

a pirâmide delinea os restos do horizonte
fechado sobre o seu corpo o corpo de sol
no silêncio do nome
esta dor que insiste
nas cortinas fechadas
a janela que não é nada
nem sequer para este lugar de paredes lisas
o humor, a água, o ódio, o mofo
apregoado nas paredes
limando as almas
cortando os epitáfios
se inscrevendo agora
neste sozinho de morto
neste soninho de anjo
nesta fúria e força de demônio
esperando à espreita
escrevendo
últimas frases
capturando últimos suspiros
encerrando no escuro
o corpo de vagabunda
- Babilônia -
a beber o sangue dos justos
e de pés nos chãos
o vômito, os vermes, o nada
os pulsos que insistem
na veia azul que lateja
e quer o brilho metálico
de lua e de noite.

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