quarta-feira, 29 de abril de 2009
Édipo
ópera do regime: o pai é tudo, está em tudo. a ária secreta de agostinho que se move através do pai. ou uma outra maneira de dizer: quero o pai. enforcando a força, em reviravoltas, berrando, querendo algo do pai. marca o fim de si. ali onde o pai começa. e se o pai está em tudo, tudo é o pai. é o desejo do pai. o volume oculto. as camisas abertas. botões rompidos. sem análise. a doença do outro. a doença do um. sem ser budista. a citara de cordas rebentadas. o império de narciso: édipo cego sonha. sem surpresas. sem dificuldades. a verdade sem se pôr entre dois deuses. uma corte: freud como pagem, lacan: nobre semblante barroco. camadas e camadas de maquiagem. o filho. o pai. incesto no fundo dos olhos com desejos latejantes na enxaqueca do pai. ali. no volume. entre o zíper. ali onde a fruta anseia o corpo. ali em que o espelho se perde. não é uma contradição. banir as regularidades é o gesto de quem não quer calcular. na clínica, um cadavér é aberto. na política, nada se abre. códigos se acumulam em um arquivo cheio de pó. o escritório do pai. as revistas do filho embaixo do colchão. nec plus ultra. é preciso dizer e refazer o império dos selvagens. l'amour du censeur. o desespero dos tempos modernos posto entre chinelos de dedo. no fundo o estilo é decisional. e eu tenho a obra completa de calvin klein. sem referências anuais. e fumo. cigarillos achocolatados à chanel. respiro. e o castrato continua. sem nada embaixo. com algumas oitavas acima. sem dó central.
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