domingo, 26 de abril de 2009

Mercado Japonês

vendo meus orgãos mergulhados em bilís e raiva, ácidas gentilezas compradas em lençóis que não ajudam devoram meus orgãos. mil olhos esplêndidos na luz azul do quarto escuro. há um filme nojento. vinho à cabeceira. algo fede. a ânsia de fuga fede. a fome que me corrói e dói no vazio. a raiva aumenta em níveis carbônicos. furo os pneus do pensamento. rangidos de portas materializadas nas batidas indelicadas. perco um rim. a voz da máquina é estrangulada. o corpo móvel do orelhão, voz pública, não disca e diz mais nada. perfume mal-importado. o nariz quebrado posto nas gavetas com naftalina, formol. tudo para lançar alguma luz de colônia: l'eau de parfum. trevo de quatro folhas palmilhadas de mito. desejo de mulher grávida. escrevo criminosamente. sem velas. a agonia da vida não passa. reviro o fígado até encontrar a fervura. abro todos os pontos. cadáveres se esfacelam nas contra as estrelas do asfalto. um desejo sádico: lenha. é difícil conter o sangue que escoa na boca e a vontade de arrancar as unhas do espectro com os dentes. todas para nenhuma. três doláres. cinco euros. dez cents. documentos roubados. no porto a partida fica no encontro das peles costuradas pelo negro ódio que arromba as roucas madrugadas. olhos devorados por abutres digitais. mãos perdidas no e-bay. a pele salpicada de pontos vermelhos. acupuntura. cocaína. fome retro-viral. mosquitos. sentir a vida no interím de um universo pele dural. uma libra de carne que se envolve em saco plástico azul marinho cor da noite que é coisa noite feita à noite para descer alguns degraus no corpo vazio. as orquídeas na janela. arandelas repletas de aranhas. o ruído. três apitos. uma martelada. vendido.

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