o rasgo de página me irrita em insistências sonoras e sinto nojo
o que escuto é outro rasgo capturado num balbucio de língua de anjos
remota e antiga, invernal... suturada
saturada de salivas e pó
que retorna e balouça o que há aqui
neste outro rasgo
no fundo do olho
e eu sinto e odeio e não digo não escrevo
-não posso, mas poderia -
o que pode um mau poema contra o que eu disser
mas o que pode ainda um bom poema contra o silêncio
o que me resta é a mão trêmula
uma mensagem que retorna do passado
como silêncio sagrado indecifrável
nas ruínas daquele clichê
nos ganchos e correntes
do espelho portátil
que carrego
na maquiagem
para dizer, em cor, que não.
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