Bom, desde ontem as voltas para a Feira do Conhecimento,
para a E.M.E.B. Aline Giovana Schmitt. Realização ocorreu hoje, vamos ao relato
de minha participação. Acho que para
além do que proponho no blog é hora de alguns registros também.
Meu tema, aliado com a professora Luciana (de ciências),
consistia na inter-relação entre as concepções de "Educação Sexual",
porém percebida através de dois primas, a saber, a cultura e a biologia. Neste
sentido o contraste mais genérico era a tensão essencial entre 2 sexos (masculino/feminino)
e 3 sexualidades (hetero, homo e bi). Se por um lado, o ponto de vista
biológico correu para as políticas públicas em temas como gravidez na
adolescência, DSTs, sexo seguro e métodos
contraceptivos; (1) a concepção cultural
saía da relação opositiva entre natureza (biologia) e cultura (sociologia,
arte, antropologia etc), para encontrar a sociedade e a maneira como as
relações humanas são construídas de modo que tudo é atravessado pelo
significado. Desta forma se propunham questões como “o que é o belo?”; Depois
adentrando a esfera do mito, uma abordagem dos os (2) estereótipos de Vênus e
Marte como padrões para o masculino e o feminino, as relações entre homem e a mulher, o
esperado e o inesperado, além da exposição de categorias (possíveis) para o
homem e para a mulher, desta forma esperando que surgissem as nuances das
questões para “o que é um homem?” e “o que é a mulher?”, expondo as variantes e
possibilidades entre masculinidade e feminilidade.
Já o tópico (3) entrava na esfera do desejo para além da
reprodução, questionando o que é a cultura, as funções do sexo, as relações de
prazer e propunha as indagações como “o que me faz especial?” e “o que é desejar?”, para discutir as relações
de afeto (amor, amizade e paixões). Por outro lado já iniciava a experiência de
construção conceitual no deslizamento entre
Erotismo > Eros > Cupido > Amor, Afrodísiaco > Afrodite
> Vênus > Amor, o corpo, a pornografia,
o erótico e questão do desejar a masculinidade/feminilidade.
Tópico (4) - Política e ideologia,
tencionando discutir machismo, femismo, feminismo, gênero, movimentos sociais
(GLBTS, Gay Lib etc) .
Tópico (5) - Corpo e sexualidade: o além do sexo
biológico, homossexualidade, heterossexualidade
e bissexualidade.
Tópico (6) – Preconceito e Violência: homofobia, racismo,
bullying, opressor/oprimido, “quem tem o poder?”, “quem é o mais forte?”.
Tópico (7) – Os direitos:
Lei Maria da Penha e casamento gay (importantes, por que?).
Tópico (8) – Questões do eu e do outro: o diferente, os
muitos seres humanos, o que é ser humano? Como a biologia define? Como a
cultura nos apresenta?
Tópico (9) – Contextos Culturais: o homem e o salto-alto
(Louis XIV), a maquiagem, a saia e o kilt escocês, mudança de sensibilidade e
de códigos culturais.
Tópico (10) – Identidade e corpo: quem sou? O quê sou? O que vejo de mim? Definições de si e do outro.
Tópico (11) – Literatura (escritores) e sexualidade: Sigmund Freud e a psicanálise, Simone
de Beauvoir e o feminismo, Michel Foucault e História da sexualidade, Geração Beat Americana (sexo, drogas e rock’n roll), Roger Peyrefitte, Willian
S. Burroughs, Allen Ginsberg, Christopher Isherwood, John Rechy, Jack Kerouac, Gore Vidal,Truman Capote, André
Gide, Tennessee Williams, Pornôpoesia, Eduardo Kac, Glauco Mattoso, Roberto
Piva, Ana Cristina César.Literatura canônica: Guimarães Rosa – Grande Sertão, Veredas e Jorge Amado – Capitães de areia.
Tópico (12) Literatura e música – ( a
aluna resolveu abordar Queen e Freddie Mercury especificamente).
Por outro lado, houve ainda a resolução
simbólica que visou fazer um tapete com os preconceitos para que estes fossem pisoteados e literalmente jogados
no lixo.
A lembrancinha, por outro lado, visava satisfazer os dois lados, biológico e cultura, era uma camisinha
com um pequeno poema que apresentasse de alguma formas as questões abordadas.
No âmbito das competências de língua portuguesa, para além
de toda carga cultural, o trabalho visava ações mais específicas, como
apresentar as questões de linguagem e expressão (significante/significado),
lógica e construção do sentido, formação das narrativas pessoais, leitura de imagens,
intertextos, interdisciplinaridade, mitologias, ficções, elaborações
biográficas e autobiográficas, narrativas fundadoras, leituras simbólicas,
dissertação, habilidades de leituras,contextos culturais, definições, uso
lexical (etimologia, verbete), cuidado expressivo, produção escrita, uso social
da língua, representações, aspectos extralingüísticos, argumentação, usos
derivativos, aspectos sócio-políticos.
No âmbito da organização a sala contava
com a série de cartazes elaborados pelos alunos, um pequeno cinema (em que
veiculamos filmes de gênero, show musicais,
informativos etc).
Houveram ainda outros cartazes de efeito que visavam ser
discutidos e apresentar idéias como:
Eu amo pessoas.
I announce adhesiveness, I say it shall be
limitles, unloosen’d I say you shall yet find the friend you were looking for. “Eu
anuncio a estreita afeição, declare que ela será ilimitada e sem reservas; Digo
que ainda encontrarás o amigo que estavas procurando”
Whitman – So Long!
Go left, go gay, go pick up the gun!
“seja de esquerda,
seja entendido, vá pegar uma arma”
Variação do slogan
dos panteras.
Meat-meets-meat!
(carne-encontra-carne!)
Allen Young
Cuidado,
seus não-entendidos!
Lema da Gay Lib.
Ficamos livres dos
nossos corpos de modo a podermos continuar habitando-os.
Budismo.
Eu sempre disse que
“homossexual” é um simples adjetivo. Não é um substantivo, embora seja sempre
empregado como tal. Inverta a história.
O que é um heterossexual? Eu jamais conheci um.
Gore Vidal.
Historicamente gay era uma moça fácil, no século XVII.
Diziam: “Ela é gay?” quando queriam
perguntar: “Ela dá? É fácil?” E isso eu acho que não descreve precisamente ninguém.
É um palavrão, apenas.
Gore Vidal.
Gay originalmente seria um eufemismo: to feel gay seria sinônimo
de to feel amorous; e to turn gay igual a to become a prostitute (desde 1870).
Assim, a gay woman era a mulher que levava na immoral or harlot’s life.
Fonte: The Penguin dictionary of historical
slang.
“Eu sempre sustentei
que esse é o maior sinal de feminilidade no macho, querer ver outros machos
jogar jogos”.
Gore Vidal.
Poemas das
lembrancinhas:
Filosofia
Kac:
Para
curar amor platônico
Só
uma trepada homérica
(Eduardo
Kac)
Te gozo!…
E bem humanamente, rapazmente.
Mas agora esta insistência de fazer
versos sobre ti…
(Mário de Andrade)
Não
faz diferença que forma tenham os corpos; o importante é a comunicação.
(Chogyam
Trungpa Tulku).
A epopéia do amor começa na cama com os lençóis desarrumados feito um
campo de batalha.
(Roberto Piva)
Uma tarde é suficiente para ficar louco
(Roberto Piva)
O Eros quer o contato, pois tende à união, a supressão dos limites espaciais
entre o Eu e o objeto amado.
(Sigmund Freud)
Corre o rio do meu amor
para o insuperável!
Como não encontraria um rio enfim o caminho do mar?
(Friedrich Nietzsche)
Nossas bocas só agora meio despertas fazem passar pássaros em revoada.
Nosso destino é construir palácios sensoriais nas praias obscuramente
favoráveis.
(Roberto Piva)
A verdadeira poesia se encontra fora das leis.
(Georges Bataille)
Ninguém ampara o cavaleiro do
mundo delirante
(Murilo Mendes)
O vermelho da tua bocaselou tua entrada em trevas.
(Georg Trakl)
O sol e teu coração são feitos da mesma matéria.
(Pierre Reverdy)
Tu queres ilha: despe-te das coisas.
(Jorge de Lima)
Esta
sociedade é uma gaiola para os mamíferos.
(Michael
Mcclure)
Contra tudo que não for loucura ou poesia.
(Jorge de Lima)
Reprimindo a criança que existe nele, o homem moderno aniquila os deuses
do júbilo em seu coração.
(Roberto Piva)
Há campos para todos. Caminhos não marcados a ninguém.
(Hölderlin)
…pois onde se fala uma língua de luz, nós somos lidos.
(Eric Meunié
REGISTROS
FOTOGRÁFICOS
(tiradas obviamente no princípio de tudo quando tudo ainda estava bonitinho e não tinha ninguém pra explicar)
O corredor
Entrada.
Note-se a plaquinha que o projeto de trânsito da profa. Maysa me deu.
Alguns cartazes.
Mais coisinhas.
Então?
Outro cantinho
Então, um pouco de "carne"...
Orientação sexual não é orientação geográfica.
Onde está o eu interior?
Minha equipe inquisidora:
missão fazer perguntas, sobretudo, muito mais que apresentar os trabalhos...
Beirão, Bruno, Dalva e Gleyson.
E, claro, o Sálvio que fugiu na hora da foto.
Bom, é isto...
Obrigado garotos!
Vamos ver o que acontece numa próxima.
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