segunda-feira, 26 de setembro de 2011
o corpo dói, deveras,o peso de um não como um livro atirado na cara. eu te olho, de longe, você vem até mim, meio de lado (sempre te imagino na esquiva)e me sussurra aquilo que não posso ouvir. talvez eu já saiba um pouco. desisto do divã. não acredito no apocalipse, mas apenas tenho sono. nenhuma fome. não sei fazer versos. não sei o pra quê da poesia. violoncelo que corta pulsos, não toca a alma. tem muito ruído, não penso direito. a rua não para. hora de uma última carta. aquela que você nunca me disse se recebeu, mas também não faria sentido. não teremos paris, embora possamos ter viena. entre os livros eu descobro o 'não me quer' tão diferente do 'mal me quer'. como é diferente o querer. releio de leve os lusíadas, como quem anda na ponta dos pés, como se as letras cortassem. mas nunca consegui levar à sério o em nome da rosa. não escrevo bem, leio algumas coisas.pensei em publicar em algum jornal, mas qual? quais opções se pode ainda fazer. meu personagem não tem nome ou talento incomum, jamais poderia ser um bom herói ou exemplo. ele acorda,come,lê e dorme. fim de história. escreve timidamente um "hya imām bumim adā, hya avam asmānam adā" que ninguém saberia o que é; o mesmo acontece com os símbolos grafados no ombro esquerdo. mas antes que você me diga que os “fundamentos em que o juiz analisará as questões de fato e de direito” sobreleva-se como parte essencial da decisão esta dorzinha que não se diz, mas que todas as manhãs o desperta, corpo suado, abandonado na cama, febre de dúvidas no mar das incertezas.
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