sábado, 1 de outubro de 2011

Mês oito.



«Deusa mais antiga do que Júpiter, virtuosa glória de Deuses e de homens,
sem a qual não há paz na Terra, nem nos mares, irmã da Iustitia,
Fides, silenciosa Divindade no coração dos homens e das mulheres.»
Silius Italicus, em «Punica».

***


octobro. mês oito. nenhum exército bate às portas, mas ainda chove amargamente. gosto de coisas menores,do agudo, do soluço, dos olhos que se fecham, mas ainda querem ver o rosto ao lado, entre o dormindo e o acordado. sempre gostei destes detalhes. qual será sua oitava acima? hoje é dia de FIDES, gosto destas delicadezas. sua mão, minha mão, o encontro dos dedos. quando se aperta uma mão, qual a mão que se aperta? qual a mão que toca a outra? nenhuma mão me toca. o silencioso frio que roça o vazio na superfície da pele. condições: flâmines. não sei se gosto de gostar. se houvesse chance, se houvesse tempo, entre a honra e a fidelidade, meus pequenos deuses... três lágrimas silenciosas no chuveiro, disfarçadas no ardor da espu-
ma do shampoo. Fides e Honor... minhas mãos ainda estão atadas com fina seda branca, Horácio, não consigo compor um verso, não sou poeta. sou mão que escreve. Tito Lívio estava certo, a fidelidade deve ser protegida... delicada que é. A fidelidade, dá-se a mão em nome de um juramento, dá um corpo, um pedaço de si, um pedaço afastado e precioso de si, nestas palavras que caem. nada resta. sem medo, talvez seja hora de tirar a luva, descer os degraus, o pé desnudo tocando a terra, a mão desnuda sentido o raio dolorido de sol, perder as delicadezas, expor o corpo, sair das sedas e das páginas, para voltar mais tarde, letra manca, fazendo rodapés. minha mão, Fides, é o que tenho a oferecer.

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