quinta-feira, 30 de agosto de 2012

estou cansado, doente e bêbado. há mais álibi que isso? mas recuso o crime e a desculpa. queria um abraço, não o tenho. tive frio vindo pra casa. emprestei meu cardigan a uma amiga, eu faço destas coisas, tiro de mim... gosto do dom,da dimensão da entrega. eu sempre me dou demais. eu farto de mim o outro até a dimensão do enjoou. não quero, não sei mais... sou o viadinho que dança ballet e pedantemente brinca de literatura. o que escrevo ninguém entende. me escondo  no fundo de um copo de gim. quero um beijo. o teu corpo quente, o teu nome friccionado contra o meu. a casa. aquilo que não se pede porque nao há como. pura insistência. demando presença. você corre e esperneia. eu aquiesço, cansado e não bêbado. fica a palavra. as lágrimas no banho. a maquiagem que não usei. os saltos que não calcei. fica isso, como eu fico só no escuro do quarto rolando entre os lençóis. e fico, espero... sempre posto à espera. na violencia do teu gesto eu esqueço de mim, me descubro feio e impossível de ser amado. eu queria tanto... eu sinto muito por isso. eu ainda olho minhas fotos e vejo minha vida ando de ré. eu deveria estar no horizonte, mas nem sou capaz de andar no escuro do quarto. e tenho fome. fome. fome. o espelho me denuncia. eu respiro. e respirar dói tanto quanto viver. me sinto só. eu ainda sonho e odeio isso. dizem que estou sozinho porque quero, mas não é verdade, odeio estar sozinho. cansei de dizer demais, cansei de me expor demais, de ser sempre quem diz e quem pega pela mão. quem acena de longe. que não sabe mais. quem não recebe o pedido, quem vai pra casa sozinho embaixo da chuva. quem renuncia ao caminho... mas eu deixo, quero ser escolhido porque sou eu, não porque sou isto ou aquilo, mas porque este é meu lugar, porque isto faz sentido no sem sentido. eu nem sequer queria escrever isto, mas estou aqui escrevendo. obrigando-me a expurgar minha falta num excesso. preciso me calar. sumir. morrer.

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