quinta-feira, 23 de agosto de 2012
acumulo terra debaixo das unhas que deixei de roer. a janela aberta deixa entrar um vento frio que me corta os pulmões, mas não fecho. tenho coragem. não tenho mais. queria te dizer que te espero, para além das coxas abertas, de braços ao largo. o que valeria mais? lustro os sapatos. preciso limpar a casa, dobrar a roupa, deveria esperar mais um pouco. não espero mais. bebo minha xícara de chá. bebo minha taça de vinho. minha dose de vodka. um shot de tequila. on fire. me jogo. on water. desejo em off. close-up. o vermelho abrindo flores na piscina. em sépia o sangue é apenas um líquido grosso e quente. escrevo uma carta. esqueço na gaveta. vem e me abraça mais forte. um pouco mais. eu te amaria ainda até o tédio. insistiria no teu cheiro, mas você não me responde e eu me recolho. não devo insistir mais por hoje. o corte na coxa aumenta. toda uma vida resumida num postal mentiroso. você não me lê. só eu me leio. e desentendido calço as luvas, escrevo um bilhete rápido na saída do cinema, para entregar a algum desconhecido. nunca nos veremos certamente. nem mesmo com a sorte de meus dados viciados.
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