sexta-feira, 17 de agosto de 2012

acho que peco no excesso. nesta maré baixa em que não se consegue nem se afogar com esta água batendo nos tornozelos. eu erro na sintaxe e estou mais só do que o habitual. você vem e me olha, de longe, de perto, respira e some. permaneço, no erro. e insisto mais uma vez e tudo pesa que até mesmo o sono exaure suas verdades e não penso mais. ou por outro lado apenas penso. minha cabeça pesa, não aguento esta bagunça que se acumula na beirada da cama (como lágrimas não choradas entupindo o fundo do olho). não queria, mas venci a aposta e nem precisei de cartas na manga. tudo tão simples. e o que tu dizias mesmo? eu voltei a escrever, por esse atropelamento, por esta falta de trilhos. e o sol não abre como em todas as manhãs, mas também não chove, como em todas as tardes. e  nesta cama deixado ao chão, o rés de mim respira. e sou pele.  e despenco as cartas da manga e envio postais como quem tenta salvar um afogado atirando uma boia, mas sou eu que engulo água e vejo a vida fazendo água, que não consigo segurar por entre os dedos.  e abro mais uma vez a torneira para chorar, mas a água escoa ralo abaixo, como tudo, e nem posso abrir as veias, não tenho motivos. e tudo insiste, como o corpo resiste.

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