domingo, 2 de outubro de 2011

num mundo possível

e se...
alguém liga à meia-noite. "te arruma, nós vamos sair". o banho para relaxar, limpando a superfície da pele, o interno da angústia. a água tem suas beneces. givenchy saindo do guarda-roupa, c&k, os brincos, o anel... um ponto de maquiagem. nariz, faces. aqui ainda seria eu. para onde ir? o carro chega, um cumprimento rápido, amigo. o bar, quase fanzine. minha bebida teria um nome oportuno, quem sabe salvador dali ou van gogh. melhor não pensar em quais os efeitos. riríamos um pouco, observaríamos o em torno. escopeta armada para a temporada de caça. pagaríamos a conta com cartão. "para onde agora?". fazer yoga. talvez fosse possível. uma pista: dançar, apenas dançar. o lugar, como todos, os degraus, sempre degraus. uma tequila... o martini... uísque... sem tempo para a vodka. como sempre não teria gim. dançaria, olharia em torno. trocaria duas ou três ásperas notas em francês. alguém que se diz falante de francês não falaria nada. sentaria no sofá e antropologicamente mandaria um sms para alguém distante, que talvez se quisesse por perto. meu amigo sairia com um rapaz. "daqui uma hora eu volto". sorriso safado nos lábios. uma hora, coisa rápida, sem ligação, sem emoção, corpo, engrenagem, apenas. sobraríamos eu, o sofá e algum bêbado para analisar. voltaria a pista, talvez tocasse uma das minhas, mas ninguém nunca lembra das spices, hanson... minha galeria pop anos 80-90... ficaria feliz com cindy lauper. o dj péssimo deixaria as batidas engolirem e perderem a música. tudo igual, como todos na pista. variação de marca(s) e modelo(s) apenas. produção em série. eu olharia, veria um potencial, mas não. não é pra mim. não gosto disto. meu amigo voltaria... olharia pra mim. "então, quanto tempo?". "escolhe!". não gosto de açougues. voltaríamos ao carro, um posto, um pouco de fome, qualquer coisa de isopor que vá ao microondas e pese no estômago. digerindo aquelas dignidades. no caminho alguém pediria carona. "sei". nada diríamos. silêncio velado, sem constrangimentos. casa. 5 horas da manhã. eu dormiria tranquilo, relaxado. o álcool faria seu papel.
não obstante eu apenas vi e terminei uma temporada de buffy. não espero nada de um sábado à noite.

Um comentário:

  1. Ótimo texto!
    Adoraria compartilhar contigo os momentos narrados. Confesso que ainda não experenciei nada semelhante, por mais simples que seja.
    Uma oportunidade, quem sabe um dia, não num badaleremos juntos, né Evs?
    ;*

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