terça-feira, 11 de outubro de 2011

(r)


o sono que vinha, não veio. tirei os saltos manchados, a blusa branca, a calça jeans, a cueca... escancarei a janela... corpo vulnerável em seu aberto ao sem segredo do vento. com um lenço de algodão fui tirando a máscara que se fingia de rosto, o sorriso pintado. eu me contento com tão pouco. os cobertores lançados ao chão. tuas palavras me chegando de longe. você tem cheiro de mar. é com minhas palavras que posso ainda te tocar. o relógio gira. no sem nome, encontro um reflexo que suspira. quão verdadeiro pode ser um caractere? brinco de mal-me-quer e bem-me-quer desfolhando a sorte dos trevos. hoje a tarde enquanto caminhava entre escolas encontrei um pequeno dado, só consegui pensar em Mallarmé: lance a sorte! talvez nunca possa ler o mapa de tuas mãos, observando no canto dos olhos as nuvens que porventura ali se acumulam. mas você não tem medo da chuva. os trovões não assustam seu negro corcel. eu aqui com meu pônei rosa... quando passará o trem? onde ficas tua ilha deserta? brincas de soldadinho de chumbo. meu reflexo de bailarina está preso no espelho da caixa de música e não pode te tocar. as mãos não deixam. os olhares não permitem. e tudo pudera ser simples, mas não pode. eu perdi o jogo. minha cicatriz no joelho é uma aberração, mas o dente que a dança me levou é como um soco no estômago. não tenho palavras bonitas. nem sequer sei escrever. é o que posso. papel ainda com as pontas ao lado, sujo e pisado. sem perfume, o ar em torno da torre é pesado com estes dragões-pesadelo. meu príncipe talvez tenha sido devorado ou tenha se enganado de castelo. minhas harpias são lindas mulheres cantando num tempo sem fim. elas contam a história de um beijo que queria ser dado, mas não foi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário