eu sobrevivo.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
terça-feira, 18 de outubro de 2011
nota esparsa
eu, três da manhã, o livro aberto, a respiração presa, um envelope no chão. quando você teria colocado ele aqui? a letra corrida, nunca descoberta... a frase teria um outro efeito, alguma validade? ou já teria passado o prazo riscado? (é o que resta de um desejo) corro os olhos sobre a página: ele - pois não havia dúvida quanto ao seu sexo embora a moda da época fizesse algo para disfarçá-lo -estava golpeando a cabeça de um mouro que balançavados esteios. (é o fragmento de um sonho não lembrado). engulo um suspiro, o ponteiro se move, o tempo suspenso: em queda! redescubro o táctil da vida. sem perfume. impossível manter uma conversa com tanto silêncio. sem chocolate. ‘But what about royalties?’ he asked. não fumo. não tenho controle. fecho o livro. sem restos. engulo em seco. três pingos em sépia. o vinil riscado se repete indefinidamente no meus murmurejar longo. And the twelfth stroke of midnight sounded; the twelfth stroke of midnight, Thursday, the eleventh of October, Nineteen hundred and Twenty Eight.
a quem interessar possa
é um pouco demais, este sorriso que se abre devagar como uma janela que se abre deixando vislumbrar os cômodos e algum vulto. eu tento me esconder há tanto tempo, tanto tempo, mas é sempre você que sai de diante dos meus olhos. ficam os retratos nas caixas de recordação. não tenho tanto dinheiro assim, mas posso desenhar a nossa casa futura, como se eu realmente soubesse desta possibilidade de amanhã. aquele balanço onde juntos estaríamos lá e cá, sem sair do lugar, sem precisar correr.
os lençois amarfanhados, vazios, não dizem nada.
meu codinome é sonho de valsa... para as nossas quedas veladas de fim de tarde.
eu não sei fazer arte, esculpir, finjo muito bem e com tantas palavras, como um perfumista que sabe e domina um único odor, pianista de uma única nota: dó.. porque tudo dói em mim e meus dias não fazem sol maior.
não sou um místico, apesar das histórias que o tarot me conta. das histórias que estranhos sempre me contam, sempre precisam que se ouça. mas alguém é capaz de ouvir esta voz que insiste aqui? não, não dá mais. eu não sei o que posso fazer por você. talvez apenas sorrir e acenar na varanda, como começo do caminho.
ainda penso no meu presente para você, numa pequena canção, entre os suspiros e os sustenidos. o aperto de mão secreto no cinema.
o que você contará ao mundo, sem esta nossa canção, talvez minhas coisas e desejos sejam simples demais, mas não os consigo por em palavras. nada ainda está terminado. espero que não se importe com este meu quebra-cabeças tornado texto. meus sussurros se prendem entre as vírgulas. você é capaz de ler aquilo que não consigo escrever?
me sentei no telhado mais uma vez, perigosamente, neste meu complexo cirque-de-soleil... de subir e me lançar... machucando o tornozelo como em belo horizonte.
eu não sei definir uma vida maravilhosa, talvez nunca tenha aprendido a colorir direito. meus pinceis não entendem as cores. tudo monocromático e monossilábico. mas eu espero. o que poderias insistir ainda? talvez um pequeno retrato para guardar na carteira. eu só vivo depois do pôr-do-sol.
mas me perdoe se eu ainda escrever de novo e insistir nisto, se as mesmas figuras retornarem, mas é isto que eu faço. mesmo sem saber. perceba que ainda não sei dizer se suas mãos são quentes ou frias, se tremem... se me olhas de frente ou com o canto dos olhos buscas lateralmente alguma escapatória. preciso que aprendas apenas o meu mote: Malo mori quam foedari. não gosto de carpe diem. qual é a cor de seus sonhos enquanto dormes... como dormes... estrela do mar....
aqui estou eu, malas prontas, a encruzilhada, o musgo que ainda se agarra a página, um coração que pálidamente se inscreve perdido no deserto. eu ainda sei esperar.
embrulhado num lenço de seda
minha cabeça dói com mais um mapa fechado. minhas pernas cansadas. tudo tão desorganizado. eu ainda acordado. três pílulas para dormir, outras duas para existir. ainda sei respirar no modo automático. tu me envias a ''minha'' canção. esta que dizes ser minha. mas ao mesmo tempo não dizes nada. nada. nada. a mão espalmada, entre o tapa e o carinho. see you around. estou perdendo meu francês. não fumo. há quanto tempo não bebo. ainda devia escrever sobre blumenau e os últimos percalços, mas será? I don't have much money but boy if I did... I'd buy a big house where we both could live. ah... simple boy... não sei para onde correr. é como se o céu girasse e a terra ainda mais rápida, contraditória, invertesse as verdades. quantos quilômetros são necessários para desfalecer? sinto aquela vontade de correr e de não ouvir nenhuma voz, correr em linha reta, em alguma direção. talvez algum dia siga os trilhos do trem no fundo do meu quintal. talvez eu apenas durma e dormindo me esqueça, a mim, a meu nome. quais as palavras que me escapam e não me deixam dizer de ti? não sou bom nisto. quiçá seja bom em alguma coisa. minha caneca de café esfria. ainda espero aqueles versos traduzidos. eu não tenho lá muito dinheiro para estas corridas delirantes. meus pulsos doem. tanta coisa a decidir mesmo sem opções. minha agenda diz do amanhã que tenho medo. desta casa grande, gatos e livros. os passos solitários ecoando no sotã: os pesadelos e as escolhas que sempre nos assombram. uma pá de terra. a dúvida morta-viva. I hope you don't mind.... across the universe. os grandes romances me estragaram. eu encontraria Mme. Bovary me acenando num musical em blue. qual seu perfume? terá recebido meu postal? meus enigmas caem aos poucos para dentro das gavetas, esquecidos com meus diários. sou esquecível. sem palavras. você seria capaz de descrever meu rosto? talvez apenas saia duas ou três palavras sem coragem. não sou tão bonito e carrego estas marcas, pés tortos. édipo seria um bailarino? preciso dar as minhas notas, terminar minha leitura, morrer mais um pouco. meus 24 anos perdidos se aproximam. sem táxi, não poderei fugir para a barra da lagoa, beber um pouco mais, me esquecer, desligando o celular... a responsabilidade ainda fica aqui. cega e certa. mecânica. this is song: o relógio é quem ordena. eu ainda queria poder tomar um café contigo numa destas manhãs, perder um lenço, um desenho... e ocupar um banco vazio numa praça esquecida. tão mínimo.
anamnese
cefaleias, enxaquecas e outras dores.
Conversas esparsas som o ilmo. sr. doutor N.:
- sabe qual é a cura pra enxaqueca?
- qual?
- beijo.
- que tipo? onde? como? qual o tratamento?
- o tratamento começa com beijos estalados no pescoço, que vao subindo até a orelha e pouco a pouco vão chegando ao canto da boca do paciente. se houver interesse do paciente, o tratamento pode ser mais eficaz, mas é preciso cooperaçao...
- em doses homeopáticas, sr doutor?
- nao, a dose precisa ser alta e com frequencia
- tratamento intensivo...
- pede repouso?
- pede, mas nao absoluto. o paciente precisa se exercitar...
- qual a recomendação neste caso?
- sexo.
- qual o efeito terapêutico?
- alivia o stress, libera endorfina, contribui para a melhora do humor, aumenta criatividade
- alguem especifico pra ministrar? acompanhamento 24h?
- eu! 24h...
- quanto tempo dura o tratamento?
- difícil dizer... em alguns casos o tratamento não pode ser interrompido até o fim da vida.
- efeitos colaterais?
- fome... depois de terminada cada sessão...
[...continua...]
sábado, 15 de outubro de 2011
I wanna hold in your hands.
talvez a maior questão seja o ainda. eu aqui. mapa fechado. cabeça girando. quantos km? você viria? comigo? pra mim? beatles não me responde. você tem um quê de especial. mesmo com todo seu silêncio, mesmo com este palpável de dúvidas, mesmo com o mesmo assustador pesadelo que me persegue. eu poderia escrever pra ti sem exigir nada, sem pedir um retorno, mas eu peço. meu corpo esta cansado. estou em blumenau. não há tantas flores. oktoberfest acontecendo, eu em casa agora vendo filmes. e você? que me diz de você? você de quem eu queria este abraço. meus trevos de 4 folhas poderiam trazem alguma sorte. é minha vez de lanças os dados, deixando a mão livre para pegar na sua.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
"Diga aos menos que nem você quer mais desses gestos traiçoeiros
Em que o amor se compõe feito uma luta"
garoto azul. três incertezas deixadas na palavra. até mário de andrade tinha seu pequeno r. ah, girassol da madrugada. não gosto de girassóis. não posso me abandonar as tuas carícias. tão longe. tu não sabes desta linguagem oculta das flores. e eu já não me importo comigo (você saí de perto e eu penso em homicídio). tu brincas com a história que eu não entendo. você apenas ri. você me mandaria algum dia um buquê de acácias? nós juntos regamos esta nossa acácia amarela. tão secreta. tenho medo das tuas noites perfeitas. eu vou lhe mostrar como é belo atravessas estas páginas. tu me acompanharias? quem de nós poderá dar um dia o primeiro passo?
(r)
o sono que vinha, não veio. tirei os saltos manchados, a blusa branca, a calça jeans, a cueca... escancarei a janela... corpo vulnerável em seu aberto ao sem segredo do vento. com um lenço de algodão fui tirando a máscara que se fingia de rosto, o sorriso pintado. eu me contento com tão pouco. os cobertores lançados ao chão. tuas palavras me chegando de longe. você tem cheiro de mar. é com minhas palavras que posso ainda te tocar. o relógio gira. no sem nome, encontro um reflexo que suspira. quão verdadeiro pode ser um caractere? brinco de mal-me-quer e bem-me-quer desfolhando a sorte dos trevos. hoje a tarde enquanto caminhava entre escolas encontrei um pequeno dado, só consegui pensar em Mallarmé: lance a sorte! talvez nunca possa ler o mapa de tuas mãos, observando no canto dos olhos as nuvens que porventura ali se acumulam. mas você não tem medo da chuva. os trovões não assustam seu negro corcel. eu aqui com meu pônei rosa... quando passará o trem? onde ficas tua ilha deserta? brincas de soldadinho de chumbo. meu reflexo de bailarina está preso no espelho da caixa de música e não pode te tocar. as mãos não deixam. os olhares não permitem. e tudo pudera ser simples, mas não pode. eu perdi o jogo. minha cicatriz no joelho é uma aberração, mas o dente que a dança me levou é como um soco no estômago. não tenho palavras bonitas. nem sequer sei escrever. é o que posso. papel ainda com as pontas ao lado, sujo e pisado. sem perfume, o ar em torno da torre é pesado com estes dragões-pesadelo. meu príncipe talvez tenha sido devorado ou tenha se enganado de castelo. minhas harpias são lindas mulheres cantando num tempo sem fim. elas contam a história de um beijo que queria ser dado, mas não foi.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
pés nus.
é daqueles dias, você dorme tarde, descobre algo escondido entre os travesseiros (um bilhete, duas lágrimas, nenhuma escrita). passa ao largo com passos rápidos. uma nuvem negra no horizonte. tudo para chuva. tudo leva a crer na chuva. mas ela não vem. o corpo espera. esperar... esperar... penélope eternamente em sua janela olhando o mar. os carros passam, quem sabe? quem sabe pintar o rosto, marcando os olhos, escondendo as rugas laterais, ali onde o tempo falha, insiste e dá defeito. alguém, segurando uma caneta e respondendo exercícios, pensa que sabe de minhas crises. eu queria a imagem tocada por um campo de tulipas. meu van gogh read... readaptado... me encontra, 15 horas no café sperl? como te dar um endereço, é impronunciável pra mim. esta coisa bárbara, certeira e rascante. copio nas costas de um cartão qualquer e te entrego Gumpendorfer Straße 11. fácil de encontrar. traga um charuto pra mim, meio torto. preciso atropelar esta pequena rebelião, esta coisa de cortar cabeças, esta guilhotina que me picota a ponta dos dedos, as pequenas verdades e os desejos. meu corpo não fala mais. apenas reclama. meus pés não aguentam este calor, estas horas elásticas, este excesso de luz. Kunsthistorisches. longe dali, alguém sorri, sentado sozinho no café de turin, olha o mediterrâneo que se confunde com o verde dos olhos. não gosto desta nudez excessiva em que o corpo se mata, se suicida e se vende. meu mundo é feito de curvas ascendentes. cognitivas ascendentes. e eu aqui, o mais perto: café das sete. horrível. horrível. não consigo mais escrever, tenho apenas aquela pergunta: como se suporta o impossível? meus pés suam mais que minhas mãos. isto nunca me aconteceu. queria correr tanto, gritar, gritar, gritar. mas minhas mãos estão ressecadas pelo giz, meus pulmões fracos, minha boca tem uma flor em sangue. não tenho mais voz. é preciso atropelar o caminho pelas calçadas. é preciso desmembrar a vida, numa banheira, gilete e coxas: assinando a obra num filete vermelho. talvez eu só consiga sobreviver com os livros. mas as páginas hoje me vomitam. minha cama esta bagunçada. não houve luta. não acredito no amor. sem deuses, nada invento. nada encontro. in-venio: palavra engraçada. redescobri minha palavra predileta: convescote. todo mundo tem sua palavra que não é só uma palavra, mas um conjunto de sons graciosos e um mais de imagem, pele, sensibilidade que escapa a lógica. adivinha como a escolhi. foi andando assim, a procura de um café, sentando ao meio-fim, procurando trevos-de-quatro-folhas e os encontrando, não fazendo nenhum pedido, o que é uma gentileza com o futuro. não desejar. estendo a mão. quantos quilômetros me separam do palácio noturno de marte? não, eu não vim de vênus. não tenho um coração de veludo verde, veludo não se adequa aos trópicos, não gosto de verde. não sei escrever. não posso ser escritor, se minha vida dependesse disto, de organizar, de dizer... eu nunca tenho nada a dizer, mas sempre tenho coisas a perder... o celular, aquele desenho, um olhar, o ônibus, a hora, um sapato. um bilhete de espera e espreita. eu não aposto, mas sei blefar com as caveiras que riem excessivamente silenciosas com seus olhos vazios. sobrenome: crisis. as palavras cruzadas se perdem, se encontram, tantos quilômetros. você estará sentado tomando seu copo d'água? seu corpo fátuo se perdendo entre almofadas. um pôr-do-sol de maquiagem borradas, no golden tulipe, com as areias do cairo, sem segredos. sem caracteres. apenas a cicatriz cortando o reflexo de esfinge dos olhos negros. não é preciso vencer a crise, mas esperá-la passar, como quem atravessa o seu próprio deserto de pés descalços.
sábado, 8 de outubro de 2011
rasgando o verso
(A EPOPEIA DO AMOR COMEÇA NA CAMA COM OS LENÇOIS
DESARRUMADOS FEITO UM CAMPO DE BATALHA)
é ali que eu começo a nascer para a madrugada & suas
vertigens onde você meu amor se enrosca em
meu coração paranóico de veludo verde & as delícias de continentes
alaranjados dormem em seu rosto de pérolas turvas oh tambores do amor
sem parar rumo as tempestades PLANETÁRIAS & suas
cachoeiras tristes & pesadas como lágrimas
gosto de gostar & a tv da alma amanhece bêbada & tenta
dizer alguma coisa
[Roberto Piva]
***
os travesseiros caídos, o vento frio entrando pela janela deixada aberta. será que foi por ali que você saiu, devagar... sorrateiro? tenho dois ou três romances de estimação. tu me grita de longe. escreve uma ou duas letras. impossível responder. neuroticamente silencioso. leio um: o amigo de meu ex é mais bonito que ele, em algum lugar. tento ignorar o fato. nunca acreditei em beleza. no fundo escuro de um poço envenenado são os meus olhos que eu descubro. como escapar ao poema? como escapar ileso ao poema? eu te apresentei alguns versos, como se ao lê-los eles fossem meus poemas. mas eu não faço poemas. penso no aberto da estrada. a chuva que caia há 15 minutos voltará a cair dentro de 15 minutos. talvez isto seja a vida, uma chuva de 15 em 15, algum calor, alguma febre. hipocondria de sentidos. de longe alguém me diz que pegará um buquê de flores num casamento pra mim. e você some sempre sem se despedir. sem um até logo. não gosto das incertezas, deste suspenso, de estar sendo observado e ter de esperar o cadafalso se abrir, esperar a corda apertar, o pescoço quebrar. mas, meu deus, o pescoço é forte, a corda é fraca e sempre arrebenta. eu tenho algum resto de uma letra ou duas de ti. você tem o que escrevi só pra ti. se é que não jogou fora. saberia reconhecer minha letra perdida entre tantas? os egípcios diziam que quem fosse capaz deste fato, reconhecer a letra, aquilo que uma mão conhecida escreve, seria alguém que conhece a alma da outra pessoa. mas minha letra é monstro e se enrosca, como meus pés procurando o sem fundo horizontal de uma cama. meu pé esbarra em três pesadelos. todos tendem a se ausentar de mim. não sei o que faço. meus melhores e mais longos romances tinham 300 páginas. eu não separo sílabas. rasgo a palavra ao meio. quem poderia ocupar este frio lateral da cama deserta. tenho o rompante de querer ir tomar banho de chuva, mas a minha febre controla minha loucura. não sei pôr a vida em risco. escondi de mim meus barbitúricos. a tv está longe. fechado no quarto e sobre controle. escrivão calculista. contador de caracteres. se eu acreditasse nos signos seria triplamente maldito: escorpião com ascendente em escorpião e lua em escorpião. alguém me explica o que isto significa? não escrevo mais bilhetes. não tenho destinatário para minhas cartas. escrevo como quem abandona as palavras orfãs. nunca mais abri a recherche. proust me deu as costas. talvez devesse voltar a racine, andromaque.... o que acha disto? eu pintei dois quadros, prometi um terceiro. mas toda cena é de um filme roubado. é hora de tomar banho, limpar a pele, esquecer este cheiro de corpo vivo, deste texto que quase perdido (por alguns segundos tudo se apagou). sem ascensão, sem voz na alteridade, ficar nu diante do espelho, dizer que ali está o resquício improvável desta existência, amarrar os lençóis e lançá-los pela janela numa tentativa de fuga. mas você não entende. não sou poe. não explico versos. apenas atravesso a sintaxe como quem aguarda o sinal para atravessar a rua. é, preciso deixar os pensamentos irem com a água quente, o sabonete, os pedaços de mim, ralo abaixo, sem direção... sem saber o que podem encontrar.
roteiro cinemático
(mapa I)
bom, plano de voo feito, agora é arranjar tempo para realizar. a piração da vez: perseguir alguns marcos do cinema... alguns eu já vi, outros coloquei na lista por recomendação.
De acordo com o que for realizando (e se houver inspiração) vou postando aqui. para quem quiser brincar comigo, segue a lista:
chofer de praça - milton amaral;
minha sogra é da polícia - aluízio de carvalho;
acorrentados - st. kramer;
um condenado à morte escapou - r. bresson;
guerra e paz - king vidor;
vidas secas - nelson pereira dos santos;
a leste do congo - miguel grzimek;
balão vermelho - r. lamorisse;
a bela e a fera - jean cocteau;
uma saudade em cada alma - ralph thomas;
matar ou morrer - fred zinneman;
encouraçado de potemkin - sergei eisenstein;
rocco e seus irmãos - luchino visconti;
floradas da serra - luciano salce;
a condessa descalça - josephe l. mankiewicz;
céus sobre pântanos - a. genina;
ritmos da cidade - sucksdorf;
o anjo de pedra - peter glenville;
a sentença - jean valère;
o gabinete do dr. caligari - r. wiene;
a soberba - orson welles;
un carnet de bal - j. duvivier;
depois do vendaval - john ford;
rio sagrado - jean renoir;
e o vento levou - v. fleming;
sangue e areia - r. mamoulian;
janela indiscreta - a. hitchcock;
moulin rouge - john huston;
sinfonia - walt disney;
cantor de jazz - alain crossland;
a rede - emílio fernandez;
ladrões de bicicleta - vittoria de sica;
carrossel de esperança - jacques tati;
sete samurais - akira korosawa;
uma saudade em cada alma - ralph thomas;
farrapo humano - billy wilder;
amores clandestinos - delmer daves;
divórcio à italiana -pietro germi;
a ponte da desilusão - bernard wicki;
ben-hur - willian wyler;
o homem errado - hitchcock;
cinco semanas num balão - irwin allen;
o matador de gigantes - nathan juran;
a guerra dos mundos - byron haskin;
os 10 mandamentos - cecil b. de mille;
terceiro homem - c. reed;
deus necessita dos homens - j. delannoy;
sindicato dos ladrões - e. kazan;
o homem que perdeu a memória - friedrick ermler;
o direito de matar - a. cayatte;
filho inesquecível - a. fabrizzi;
viagem à lua - georges méliès;
roubo do trem - edwin s. porter;
o grande ditador - c. chaplin;
a greve - sergei eisentein;
tempestade sobre a ásia - vsevolod pudovki;
a terra - dovjenco;
marcha nupcial - eric von stroheim;
estranhas coisas de paris - jean renoir;
paixão de joana d'arc - carl dreyer;
zero de conduite - jean vigo;
sementes de violência - r. brooks;
scarface - howard hawks;
adorável vagabundo - frank capra;
o preço de uma vida - edward dmytryck;
lousiana story - robert flaherty;
as vinhas da ira - john ford;
uma rua chamada pecado - elia kasan;
glória feita de sangue - kubrick;
el cid - anthony mann;
sem novidade no front - lewis millestone;
um lugar ao sol - george stevens;
amor, sublime amor - robert wise;
anjos do pecado - robert bresson;
cais de sombra - marcel carné;
somos todos assassinos - andré cayatte;
esta noite é minha - rené clair;
o sol por testemunha - rené clement;
as férias do sr. hulot - jacques tati;
roma, cidade aberta - roberto rosselini;
noites de cabíria - f. fellini;
ídolo caído -carol redd;
lawrance na arábia - david lean;
flor de pedra - ptushko;
quando voam as cegonhas - kalazatov;
alvorada do amor - lubitsch;
morangos silvestres - ingmar bergman;
o último ato - g. w. pabst;
ganga bruta - humberto mauro;
cangaceiro - lima barreto;
sinha moça - ton payne;
rastros na selva - mario civelli;
seara vermelha - alberto d'aversa;
pagador de promessas - anselmo duarte;
barravento - glauber rocha;
Por enquanto é isto... a lista aqui nos meus rascunhos é gigante.
***
Se tiver uma dica de algo que não consta acima, mas que segue a ideia perseguida, deixa aí embaixo....
(L)
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
quase diálogo
- há uma pedra no meio do caminho.
- vou ficar mais um pouquinho para ver se eu aprendo alguma coisa nessa parte do caminho (tulipa ruiz).
- "sinal fechado", chico buarque.
- "cosmic love", florence + the machine.
domingo, 2 de outubro de 2011
num mundo possível
e se...
alguém liga à meia-noite. "te arruma, nós vamos sair". o banho para relaxar, limpando a superfície da pele, o interno da angústia. a água tem suas beneces. givenchy saindo do guarda-roupa, c&k, os brincos, o anel... um ponto de maquiagem. nariz, faces. aqui ainda seria eu. para onde ir? o carro chega, um cumprimento rápido, amigo. o bar, quase fanzine. minha bebida teria um nome oportuno, quem sabe salvador dali ou van gogh. melhor não pensar em quais os efeitos. riríamos um pouco, observaríamos o em torno. escopeta armada para a temporada de caça. pagaríamos a conta com cartão. "para onde agora?". fazer yoga. talvez fosse possível. uma pista: dançar, apenas dançar. o lugar, como todos, os degraus, sempre degraus. uma tequila... o martini... uísque... sem tempo para a vodka. como sempre não teria gim. dançaria, olharia em torno. trocaria duas ou três ásperas notas em francês. alguém que se diz falante de francês não falaria nada. sentaria no sofá e antropologicamente mandaria um sms para alguém distante, que talvez se quisesse por perto. meu amigo sairia com um rapaz. "daqui uma hora eu volto". sorriso safado nos lábios. uma hora, coisa rápida, sem ligação, sem emoção, corpo, engrenagem, apenas. sobraríamos eu, o sofá e algum bêbado para analisar. voltaria a pista, talvez tocasse uma das minhas, mas ninguém nunca lembra das spices, hanson... minha galeria pop anos 80-90... ficaria feliz com cindy lauper. o dj péssimo deixaria as batidas engolirem e perderem a música. tudo igual, como todos na pista. variação de marca(s) e modelo(s) apenas. produção em série. eu olharia, veria um potencial, mas não. não é pra mim. não gosto disto. meu amigo voltaria... olharia pra mim. "então, quanto tempo?". "escolhe!". não gosto de açougues. voltaríamos ao carro, um posto, um pouco de fome, qualquer coisa de isopor que vá ao microondas e pese no estômago. digerindo aquelas dignidades. no caminho alguém pediria carona. "sei". nada diríamos. silêncio velado, sem constrangimentos. casa. 5 horas da manhã. eu dormiria tranquilo, relaxado. o álcool faria seu papel.
não obstante eu apenas vi e terminei uma temporada de buffy. não espero nada de um sábado à noite.
sábado, 1 de outubro de 2011
Mês oito.
«Deusa mais antiga do que Júpiter, virtuosa glória de Deuses e de homens,
sem a qual não há paz na Terra, nem nos mares, irmã da Iustitia,
Fides, silenciosa Divindade no coração dos homens e das mulheres.»
Silius Italicus, em «Punica».
***
octobro. mês oito. nenhum exército bate às portas, mas ainda chove amargamente. gosto de coisas menores,do agudo, do soluço, dos olhos que se fecham, mas ainda querem ver o rosto ao lado, entre o dormindo e o acordado. sempre gostei destes detalhes. qual será sua oitava acima? hoje é dia de FIDES, gosto destas delicadezas. sua mão, minha mão, o encontro dos dedos. quando se aperta uma mão, qual a mão que se aperta? qual a mão que toca a outra? nenhuma mão me toca. o silencioso frio que roça o vazio na superfície da pele. condições: flâmines. não sei se gosto de gostar. se houvesse chance, se houvesse tempo, entre a honra e a fidelidade, meus pequenos deuses... três lágrimas silenciosas no chuveiro, disfarçadas no ardor da espu-
ma do shampoo. Fides e Honor... minhas mãos ainda estão atadas com fina seda branca, Horácio, não consigo compor um verso, não sou poeta. sou mão que escreve. Tito Lívio estava certo, a fidelidade deve ser protegida... delicada que é. A fidelidade, dá-se a mão em nome de um juramento, dá um corpo, um pedaço de si, um pedaço afastado e precioso de si, nestas palavras que caem. nada resta. sem medo, talvez seja hora de tirar a luva, descer os degraus, o pé desnudo tocando a terra, a mão desnuda sentido o raio dolorido de sol, perder as delicadezas, expor o corpo, sair das sedas e das páginas, para voltar mais tarde, letra manca, fazendo rodapés. minha mão, Fides, é o que tenho a oferecer.
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