terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

au vermouth

Um desenho hoje fugiu da caixinha de sapatos. Entreaberto, feito lembrança. A luva jogada a um canto, agora respira, afoga-se em ares de realeza. É preciso parar. Os olhos encontram uma música desconhecida, assinada por Oscar Wilde. Eu nunca soube que tivesse isto. Quem m’o deu? A mente tece mil teorias, mas nenhuma satisfaz porque não há o ritrato da memória. Sair do inferno para perto das estrelas. Há alguma mudança de itinerário. O táxi na esquina, o bar no outro. Uma igreja no meio do caminho. A música bate estranhas, sem campainhas. Eu não sei quem eu queria que estivesse aqui. Não gosto dos fogos de artifício e martelo as paredes, para encontrar meu cofre. Aquele em que guardo o não-acontecido. A voz gruda no teto. O palato desaba, mas as pálpebras fixas na janela oeste não fazem acontecer. Eu não tenho uma sacada de onde pular. Minhas cartas voltaram, portanto, elas foram, não te encontraram e voltaram. Eu escrevi para mim. Preciso chamar a polícia. Caveiras à postos, good time. Sede e fome eu tenho. Todo o lixo das lembranças ontem. Os velhos diários, não existem mais. Eu os deixaria, como prelúdio, mas não. Chega deles. Ampulhetas terapêuticas para nada. Cansei. De órbitas vazias, sobre a mesa, o crânio descansa. Dentro dele, uma vaga luz de inseto passeia, sem idéias, apenas 24 horas de vida.

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