domingo, 7 de abril de 2013

fecho meus olhos e repasso as alternativas. o quarto de janelas fechadas, a luz acesa, os livros espalhados pelo chão, as coisas de dança lançadas a um canto... o celular em silêncio. houve uma época em que as coisas, cada qual, já se encontrou em seu lugar e que havia espaço para o ar circular e os pés tocarem o chão. agora apenas ouço nicole croisille e me resta o silêncio aterrador. o que posso querer ainda? há uma ousadia tão grande em pensar nisto. estou me tornando invisível, estou perdendo minhas palavras. já não consigo escrever, talvez por isso hoje em dia é sempre uma página a menos, uma linha a menos... já não consigo também desenhar com a mesma facilidade antes. me sinto vazio como se apenas insistisse em existir, mas sem motivo, mas também sem forças ou razões pra encontrar algum motivo.  eu repito há tanto tempo a mesma história, o mesmo fuso horário, o galope dos dias. talvez seja o momento para voltar a visitar grandes ruínas, o silêncio estarrecedor do resto no meio do caos. mas não há possibilidade para o caos, há a impertinência de uma organização sem fim e, no entanto, não tenho mais reflexo ao espelho. não saberia dizer há quanto tempo não desenho mais meu rosto. houve um dia, um banho, um rosto lavado, em que a maquiagem escorreu ralo abaixo e eu não me encontrei nisto que ficava nem mesmo nas cores que se íam com a água. talvez eu tenha me perdido no caminho, na volta pra casa, ao dobrar uma esquina. queria um gole quente de café, meu chocolate acabou...  a vida transformou-se numa sequência de páginas a serem lidas e num outro tanto de páginas para ser escritas. e eu canso, tropeço... falho até até as raias da ortografia, quando as letras começam a ser trocadas, quando as pálpebras pesam... e então eu imagino ser a hora de parar, de fechar os olhos, tentar sonhar, mas nunca sonho, ou não há um sonho novo ou ele é apenas esquecido junto com o corpo que perde seu nome na cama. e resta a escuridão. e todos meus fantasmas amigos são aqueles que sofrem... é emma, clarisse, ofélia... mas toda pontinha de solidão é como as madeleines de proust, fazem pensar.... abrem o mundo. mas há quem prefira romances policiais. aquele desvendar do seu segredo ao piscar de olhos, um desvio na retina, um sorriso que não se vê, ideias insubordinadas abafadas por lenços de seda. e há quem vai a praia e veja o sol se pôr. mas eu continuo aqui, livro aberto, no aperto... tentando pensar.

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