domingo, 14 de abril de 2013

me pergunto: o que me leva a manter espaço ainda, a escrever aqui. não sei responder. tento, mas dou voltas e me engano, finjo que ainda há um motivo para escrever, alguém a quem possa me endereçar. algum olhar perdido. são 4 horas da manhã, madrugada de sábado para domingo, enquanto as pessoas estão nas ruas, bebendo, procurando, trocando mais que beijos... eu, aqui, sentado diante do computador, minhas costas doem, a caneca de café vazia ao lado, o quarto envolvendo o próprio caos de minhas ideias. não tenho mais chocolate. mas ainda tenho fome. mas nem sei do quê.  a aventura da noite, tentando passear pela turquia com pierre loti. a tradução está em andamento. mas estou disperso, não sei o que pensar. já não tenho mais grandes crenças. estou definitivamente cansado e mal comecei esta vida. ainda não sou chancela de nada, minha opinião não vale um nada.  mas estou tentando, galgando os degraus. eu recapitulo os meus planos gradiosos e vejo que até agora nenhum deles se manteve por perto. nenhum deles irá acontecer, bem sei. meu tornozelo esquerdo dói da aula de ballet na sexta, a pressão de subir nas pontas ainda marca ele. quanto ao resto, já não sei mais. um convite para habitar um coração, talvez? mas não há coração, afora aqueles devorados na mesa de jantar. a possibilidade irônica está agora longe, como um remake ruim de lago dos cisnes, não é odile a vilã, mas a pureza de odette que é insuportável.  precisava de uma massagem, mas me satisfaria um abraço apertado. a cada dia mais só, a cada dia, mas há sempre os livros, aos milhares. é engraçado, já que o livro é como uma grande prostituta que se abre a quem nele  chegar para procurar o que for, ele se abre e acolhe entre as páginas, como se fossem coxas, e permite o que não se deveria. e nos perdemos nas vírgulas como quem é roubado numa esquina. talvez eu precise de mais café. ou simplesmente da coragem para levantar desta cama e sair caminhar pela madrugada e ver o sol nascer em algum lugar diante do mar. mas não, não quero sair deste conforto intrigante, há o frio, há o escuro. aqui há apenas o caractere pesado e negro manchando a tela onde todas as minhas lutas são com um dragão de papel. não sei que me resta.

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