domingo, 1 de fevereiro de 2009

silêncios...

há o silêncio batido do escuro que reflete nas parede
e nada mais
o cheiro doce de um fragmento de frases
ocultas em um pedaço de papel velho
que nao querem ser nada
não...
não se destinam a música
nem aos ouvidos
como se as frases
o épico ruído de um não-herói
vivo-morto
insiste
nestas batidas descompassadas
destruídas

resta à atena altiva
os vestígios de seu templo
mas nada
nada pesa mais
que o marmóre velho dos anos
que se acumulam
dentro dos olhos
nas bordas da boca
nos limites das mãos
nas pernas bambas

a cadeira de balanço
entre as tônicas de uma sintaxe
impossível vibra
doí nos ossos alquebrados
e deixa
nesta sombra
neste vazio
apenas o suspiro
como último delíro
de quem foge

destruído
nestas batidas descompassadas
de mãos trêmulas
e medos vencidos
pelo escuro vazio intocado
de uma memória
plana
como o espelho
em que um rosto sem nome
insiste em perseguir
o silêncio batido do escuro que reflete nas parede
e nada mais

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