quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

estou aqui, lençol de seda rosa, os pinceis na bolsa, mala aberta. decidindo. meu pescoço dói. vinda rápida à fazenda. sou sempre aquele que escuta, e isto apenas. chovia há quinze minutos, não chove mais. cansei de ser aquele a quem enviam os emissários para pedir ajuda. recupero uma imagem: pitonisa delirante, virgem solitária de delfos...
tentei recuperar a máquina de costurar de vovó, mas algumas peças estão enferrujadas. o que fazer com isto. preciso fazer algumas escolhas... correr... andar ainda mais. não aguento mais. este silêncio eterno. esta falta eterna do meu lugar. este desencontro de mim em mim. este sono que não vem. as dores que encontro a cada passo. eu sinto como se meu corpo estivesse falhando devagar, mas acumulando nas dobras e dúvidas, nas articulações interrogantes, este tempo de melancolia, que pesa, me arrasta, me força, como se correntes prendessem... talvez o mundo seja hostil. talvez eu não saiba mais nada. eu só queria me esquecer um pouco mais de mim.

Um comentário:

  1. CHE, Se a pitonisa te fala e pensas o delíro, que antes de mais nada é de/lírio precisas aproveitar a máquina e tecer alguns pontos, recuperar tua crença em ti, nesse corpo que carrega tua alma e deixa essa bruma para que consigas ver Avalon, tão em ti. Não te esqueças , por então seria cruel que os outros te lembrassem sem poder dar por teu paradeiro e a magia que é composição nas tuas palavras vividas se tornariam lenda sem sentido.

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