mallarmé em pesada capa me persegue. fuma fuma fuma. a fuma gira e esconde. há o cálculo impensado. eu suspendo sempre a norma. todo texto é em eterno estado de exceção. de mim. de ti. de ambos. de nenhum. quem infere à cena está inserido nela? poderia trocar de livro, sentar, à margem da estrada como de um rio, sentar e chorar. mas eu não choro, carlos, forte como joão que corre sempre em ritmo de valsa vienense. mas há o trem sempre, no interior fantasmas, correndo sempre, entre navios, para dentro do corpo, fazendo trilhas e veias. sem capitão o navio segue à deriva. derivando as palavras em ritmo de sigma. é sintoma. resolvo pensamentos escrevendo, abstraindo na palavra a imagem absurda de si. sem recolhimento. também não há dados. apenas o giro vazio em bloco mágico. fundo rosa inescrito. vendendo sílabas e invertendo o mundo. há sempre aquele impossível de ser dito, há o que eu ouço demais. há a parede longa e úmida, datilografando em rachaduras e chanfraduras as rugas que me inventam um rosto. inventar também é um encontro. invenio. sem aquele mais além. o que resta deste lance, como última aposta, como a saliva no fundo da taça sem sereia nenhuma, apenas a sirene na rua e o calor que agita os leques. e aqui o aqui se prolonga num tempo extático.
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