é noite (e tudo é noite). o chão está frio. meu gato ronrona dando a ilusão desta outra pessoa possível que poderia dormir ao meu lado. nenhum de nós exige o completo comprometimento um com o outro, mas isto devolve um tipo outro de comprometimento. acredite. não é jogo de palavras. talvez seja a madrugada fria, o vento murmurando entre as árvores ou, última hipótese, o chocolate razoavelmente bom, com gosto de laranja, mas que não é o meu preferido. chocolate amargo com laranja, comprado às pressas. prefiro pistache. minha heroína de salto-alto, potencialmente de solado vermelho, sabe disso e dos meus segredos. inclusive aquele que te inclui e que nem é segredo. não deveria registrar isso. as madrugadas de insônia trazem pensamentos brutos: onde você está? o quê gostas? como dormes? como suporta este silêncio intenso? tenho mais livros do que roupas na minha mala. a fazenda é literalmente um campo aberto. preciso de um mau conselho que seja bom p’ra mim, não de bons conselhos que nunca me servem. eu insisto e faço diário. você ainda volta aqui amanhã? vejo alguns faróis: polícia de cidade pequena. Insistente, assustada. eu sempre penso que as coisas são pessoais.
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