dobro as peças de roupa. mais livros do que roupas na mala que pesa como meu desejo. é preciso escrever. é premente que se escreva. não isto: este é puro efeito colateral de um pensamento maior. sou lógico. acredito na beleza do p ou mesmo nos fibonacci.mesmo um floco de neve responde a beleza da geometria. não obstante não calculo,escrevo. tento pensar. não que seja vital, mas por agora é preciso. valentino é um bom garoto. troque a gravata turquesa do pescoço por um laço vermelho para combinar com os olhos verdes. vem ao meu lado no ônibus, não reclama, dorme e observa a paisagem. quase 4 horas de curvas, araucárias, curvas, pastos. desconhecidos presos num mesmo destino. não. não acredito em destino. na mesma direção. um pensamento vetorial. aqui. sozinho com valentino. o táxi é velho e cheira mal. o motorista grunhe qualquer coisa. siga. sinal vermelho. sem conversas. casa. conforto. valentino faz vezes de cometa em espaço aberto. salta. eu aqui. sorrio. não sei mais conversar. as horas passam. envio notícias. nada recebo. espero. leio. freud brinca de tentar me ajeitar num desconfortável divã. escrevo algumas páginas. boas para um primeiro dia. boas para uma retomada. sem genialidades: é trabalho. tomo meu sonho, bruxa medieval, espero as pupilas mudarem de cor. você ainda me deve uma foto para seu retrado. a mala aberta ao pé da cama. o pijama rosa. valentino com seu laço vermelho cochila e ocupa toda a cama. 3h33: já é amanhã. escrevi um postal para você. "andromaque, je pense à vous...". espero que não se perca. espero não te perder. odeio silêncios.
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