terça-feira, 28 de setembro de 2010

Magia dos Primitivos

(Êxodo, XXII, 18)

8-3-4
1-5-9
6-7-2
As improntas das mãos sobre as paredes da caverna da gruta de Castillo, na Espanha, fazem-me contornar o símbolo mágico e me colocar entre homens e animais. Isto que se faz primitivo, disparatadamente num tempo primevo, enchendo as mãos nesta confusão de partes, na procura de armas eficazes, burlando a própria face disto que se põe em movimento e irrompe em luz e calor, através do atrito das partes, do atrito dos corpos, do grito da mulher que se deixa possuir no desejo bruto, ainda sem sentido, talvez não consentido, sem palavras fatais. É Orfeu quem insiste civilizando a música, não Apolo. Com meu pequeno punhal abro a mandrágora ao meio, corto-lhe o pequeno corpo. É daqui, deste pequeno outro, que em seu lugar, descubro o sonho ou a morte. Há que se liberar das servidões do tempo e dos serviçais do espaço. Os espíritos rondam. O que canta ainda na floresta? Para um mago, dez mil magias. Esqueço Michelet, penso nas mulheres nuas e seus espelhos mágicos. Alguém me põe a elíptica no corpo, encontro estrelas pulverizadas. Na origem não há mais Alexandria com seus alquimistas, brincando no limite de sua própria criação de la foule des philosophes. Você tem a chave para atravessar este texto em sua receita mais secreta? Em que palavra se esconderá o filtro mágico. É preciso entrar sempre no reino do diabo. E todos nós já sabemos que Deus está morto. Este não era o sonho do Dr. Fausto. Roubamos a palavra central do talismã de Agrippa. O meu corpo encontra o seu corpo para junto desenharmos o Zohar. Meu tarot está guardado na gaveta, não quero jogá-lo. Enganei o destino uma vez com os meus dados, pode ser que não funcione novamente. Quando eu tinha 12 anos lavaram minhas mãos com absinto, não sinto nem frio nem calor. Uma grande não-visão. Na contra-face de Knorr de Rosenroth. Sem correspondências.


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