quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O retrato de dois anos

(esboço de aniversário)

O interessante deste blog que ele nasceu como um relato, para aceitar a demanda de uma escrita que se dá ao desconhecido. Terapêutica? Não sei até que ponto. Numa constante ebulição liberada pela catarse e pela necessidade de limpar a ponta dos dedos, de limar o pensamento, de aceitar alguma coisa. O blog nasce no mesmo momento em que entro no mestrado e preciso pensar um pouco mais, afinar, sintonizar e perceber problemas. Ao passo que aqui o problema é centrado num eu, num olhar, na necessidade de um caminho que é sintático. Um caminho que tem como saída a palavra. Na origem ele não era pretendido dialogo, afinal, quem ler qualquer literatice ainda nos dias de hoje? Quem persegue algum espaço que não preenche o tempo e mesmo que sejam chamadas de inúteis, não dá uma informação sobre as Ladys Gagas da vida? Pois bem. Não posso dizer que não seja uma experiência e como tal singular. Não sei dizer do que ela me afasta ou do que ela me aproxima. Sei que as letras encontram uma direção ao se combinar, é o fluxo não-natural da língua que se encontre sentido neste corpo, nesta pele que cede ao desejo e ao tato. Mas e quando não se pode tocar o corpo? E quando se erra o nome? Quando tudo que resta é o logro, a mentira e o paradoxo? Como exigir o mínimo de poesia? Como procurar este saber-ver-e-olhar. Não, eis a questão, é o espaço do cérebro suspenso em que quem se entrega é o corpo, neste pacto unilateral, pacto de certo rebaixamento e por isso pacto de sujeição. Alguém tem de se entregar. O corpo domesticado ou a língua assujeitada. É batalha no limite do corpo e da língua, da língua do corpo e da língua posta pra fora do corpo na morte. Talvez sem grandes filosofias, mas puro registro de tempo, do meu tempo, das minhas velocidades. Espaço rodeado pela minha constelação de mitos, que volte-e-meia aceita visitas e se dedica a alguém, a um ou outro ser especial. Não sei se gosto de seres especiais como estrelas cadentes, elas perdem o brilho e nos abandonam. Não gosto do sem rumo, mas não gosto do destino prévio. Não quero os textos longos. Agora, quero a companhia de uma boa leitura, de um bom encontro ou desencontro. entre Florianópolis, São Paulo, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro, Recife…. tantos outros pontos no interior de um mapa que fui descobrindo afeccioso… e que se abria também noutros limites maiores: Brasil, Estados Unidos, Canadá, Portugal, Indonésia, China… e noutros e noutros. Como um jogo de espelhos. Mas no fundo, a missão era simples e egoísta: era o meu território que esta ali para ser desvendado, os meus limites… sem provas, sem exigências, mas à espera. Não devo insistir, mas cada companhia, cada leitura, agita novos fantasmas destas letras e por isso meu obrigado. De resto meu obrigado e minha gratidão aos que aceitaram minha intimação….

Abraços
Espero que continuem aparecendo

Evandro Brèal.

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