andromaque, je pense à vous... mas são 6 horas da manhã, já passadas, aqui neste lugar que não é meu com este calor de verão, com seu horário de verão... mas não quis, não poderia te acordar. talvez seu silêncio diga e insista. você ao menos consegue dormir como um pequeno anjo barroco numa cidade perdida. desculpe pelos meus black-outs. aqui os fantasmas embebidos em cerveja dorme. queria poder dormir, quem dera poder sonhar. um pequeno luxo destes que não pode ser comprado, que farmácia alguma compensa. você pode comprar o remédio para dormir, mas não um bom sonho. pensei em te escrever isto, mas... porque perder tempo com meus pequenos anões de jardim assustados?
a velha paris não se compõe e ganha forma, muda e depressa no meu coração assustado. é a crise. a poeira da rua me engasga. o futuro posto entre o nada e o vazio. eu não sei, não há a minha certeza. nenhuma mão desluvada sabe de meu suplício. eu errei. acho talvez, e feio. os meus dados eram todos viciados.
e eu me pergunto repetidamente, a mim, procurando em mim, alguma resposta: "Eau, quand donc pleuvras-tu? quando tonneras-tu, foudre?". acho que me descolei de mim. sou a sombra de um corpo perdido. quem poderias dizer que viver, simplesmente, viver daria nisto?
eu tento escrever sobre um pequeno poema. não meu. não escrevo poemas. jamais serei poeta, nem mesmo de um poema só. eu finjo que sei escrever e acabo acumulando letras, as pessoas que passam não lêem, mas acreditam que escrevo e que isto diz alguma coisa. mas nunca pra mim. chacal diz em algum verso que o corpo sabe letras com gosto. minha mente é que estuda e pescruta e prescreve letras. quem se importaria com um pequeno plágio? ou nem isto, uma citação, sem exigências de gênio... eu não me importaria. mas conheço quem sim, até demais. mas não, sem agradecimentos, sem estes meus pequenos post-its. eu deveria ter tentado ser estrela ao invés de noite escura. não nasci para a luz. nem mesmo de lua cheia.
é uma dor que dói, entre as narinas, apertando os olhos e obrigando aos longos respiros.
eu sei que você não entende o que lê, procura o que não pode achar. nem mesmo aqui.
mas como escolher, entre ficar e partir? partir para onde? partir como? não sei. não quero abraçar uma língua que eu não falo, mas leio e penso que falo com todos os meus acentos de latino-américa que se diz intelectual. meus estudos em filosofia tropeçam na minha lógica. preciso melhorar minha matemática. e pergunto mais: aonde andará o poeta de pijama que escorrega e cai, enquanto distraído sonha um mundo de estrelas? (é piva, você reconheceria?). já não há céu, nem solo firme. por favor, segura minha mão, me silencia, evoca a eutanásia de sintaxes desconhecidas porque sigo as labaredas memoráveis de um dia que apenas reencontro em luto e melancolia. não sei dizer da tua troca entre paris e nova iorque, mas ainda me dói. tanta coisa inexplicada que dói. tanta coisa não esclarecida que volta. não deveria ter sido assim, mas foi. não me abraça, não agora. meu corpo sua. sua com o calor. sua, a musa que mente e troca as letras. insisto no que não faríamos jamais no frente a frente, derramando as palavras, tentando dizer com os olhos (mas os olhos não falam), do silêncio que não pode ser mudez. eu preciso mudar. eu preciso dormir. não confunda quem assina isto. é o outro. sem sombra, sem sombra de dúvida. o que você sabe sobre os espectros? és capaz de encontrar minha cor preferida em pura referência numérica... nos nanômetros de minha incerteza....
não caibo em mim, mas não estou em mim, não quero ser isto. mas... é texto cifrado, datilografado e com toda a sorte de grampos. fecha os olhos, sombra, diante do espelho: o que você é capaz de descobrir, enquanto o dia clareia, através das pálpebras vermelhas neste escuro fabricado?
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