"Each of his phrases was rather like a little ancient island,
inundated by a miniature sea of whiskey."
— J.D. Salinger (Nine Stories).
a taça de champagne rebrilha. onde você está? desejo o pôr-do-sol que desenhei. não me desdenhe. não exijo nada. apenas esta calma que bate como onda. me empenho em descobrir clarissa no divã, batendo à máquina. descubro-lhe a história que chega com nomes trocados e corpos roubados. ela é um espelho convexo, a sombra num ponto cego. um exercício de anti-lógica lógica. então: entre solteiros, casados, viúvos e divorciados, pais de trezentos filhos... o muro. no silêncio que arrebenta nas pedras, a espuma doce das palavras. o sonho que eu não sonho, talvez eu possa viver. é assim que os pincéis pintam uma face. camada à camada. primeiro o entorno dos olhos, desenhando o horizonte finito de um ponto de vista. o pó como nuvem que tinge a face das cores que ela possui. sem deleites. o desejo posto num lábio opaco. eis o quê o espelho devolve. sou solteiro não porque eu quero, mas porque os diamantes se quebram em menos de três dias. o cérebro revira e revolta sem o porquê. continua desenhando este horizonte. sem leis. ali onde você ainda se suspende e reencontra outras bocas. aqui onde eu apenas mastigo mais uma barra de chocolate e abro um quebra-cabeças de mil peças que nunca irei montar, mas que abro para perder: à mim e às peças. sem graves crases. você não entende. te escrevo em breve. sem partidas. sem cristais quebrados. não faço nunca promessas. nunca faço projetos. a vida é. a minha matemática finge uma narrativa. abraça de leve na distância o que te envio, lacrado nas letras deste envelope que não vejo e sem pétalas de flores, mas um silêncio perfumado de quem sabe apenas olhar e esperar.
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