sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

(“L’accueil est glacial”)


Eu o vejo assim, como um anjo nas mãos de um barbeiro, impondo à navalha outras regras. Talvez seja a hora de perverter este universo. Quem realmente lê isto. Não é o bastante. Tenho uma vida pra viver. É sistema. É hora de virar máquina: engrenagem solitária rangendo como os joelhos. Quem você acha que eu sou? Eu nasci dois dias depois da morte de Arthur Rimbaud. É hora de deixar de ser confessional, catártico e passivo no que tange as palavras. Meter o pau na mesa e parar de escrever. Constituir o sentido não fazendo sentido. Estou cansado, farto… no máximo sou melancólico. Não obstante quem é que veste esta máscara falha? A branca Ofélia ainda flutua no rio enquanto um poeta procura contar quantos raios de estrelas riscam o céu… e você ainda vem aqui procurar um sentimento, um corpo para ser tocado. Não posso te dar o que você quer. Não posso te dar nada. Estou morrendo. Escolho morrer devagar. Caro senhor aperte com mais vigor minha gravata. O capitão fúnebre é quem toca a valsa para os esqueletos que passam. Desisto de ser sépia, quem sabe um pouco mais de pornografia te diga de teu vício e de tua hipocondria de coxas abertas. Cela c’est passé. Todo mundo sonha em escrever um livro ou uma biblioteca toda, queria apenas não ter a necessidade de escrever.




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