o ventilador gira: 180 graus de pura incerteza. o que sopra, apenas sopra. é manhã. sem resoluções. não posso te escrever ainda. não te liguei. posso dar bom dia ainda. o prédio que vejo além da janela esta na minha ilha, em são paulo, rio de janeiro, brasília, curitiba. que língua é esta que insiste e me faz ainda estar aqui não-dormindo e escrevendo? não tenho direito às perguntas que não posso responder. brincando de monge budista que gosta de viciado em poquêr, mas sem porquês, a isto eu posso chamar de destino. eu sei que preciso dormir, mas não consigo. bate a vergonha disto que se escreve. a vontade do não ainda, mas a decisão nunca vem, fica o texto se escrevendo, a dor, o canto do olho lentamente se costurando, costurando a alma ao sono, o sono à falta de sonho, o sonho ao seu próprio vazio. não gosto de jogar dados. prefiro o lance de dardos. um alvo fresco e rente. um naco de pele. é assim que eu desisto. é assim que eu ainda te digo. talvez bom dia. talvez, venha tomar café comigo. não sei dizer do teu rosto: quem é você que me atropela na minha própria vida? eu brinco entre línguas, mas não falo a língua dos anjos ou dos perversos. não escolho minha vida, escolho viver. respiro ainda. sem males ou benefícios. respiro. o relógio nunca tenta voltar atrás, como o meio-giro do ventilador. eu tenho aquele medo de voltar para casa, na falta do meu jardim, de me prender no quarto, de me esquecer nas páginas de algum livro. eu desci já as escadas do inferno e brinquei no playground de lúcifer, mas foi escondido, ninguém soube, nunca contei. isto nem mesmo esta sendo escrito e tem o sentido que você pensa. pois bem... é assim que eu sempre me perco e tento ainda dizer eu. talvez um dia eu seja capaz de te satisfazer com pornografia barata, ou impor à cena: dois meninos transando, descobrindo um o corpo do outro no banco de trás de um automóvel (eu nunca sei dizer das marcas, nem dirijo). o que seria isto? diz do teu desejo... o que você ainda espera aqui. você esta atrasado. teu tempo se acumulou no canto da porta, veja a poeira, o retrato do menino sentado. é fome talvez. é tempo. é tédio. sem aceitação ou conformismo. acho que o tricô esta pronto. mais uma máscara nova para ser usada. mais uma palavra gasta, mas cujo brilho não exibe arranhão. tu ainda não sabes que eu não sei disto que você espera ansiosamente de mim. mas nunca te cruzei. há a imagem fugidia, a passante na rua, a passante nua na lua, aquele brilho de liga, o dente que sangra. é isto. é assim. tão literatura. tão corpo despencando escada abaixo, rolando rolando rolando, mas não morto. eu tento te matar, mas você nunca morre.
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