segunda-feira, 4 de outubro de 2010
meu dormir não vem. espero alguém.
a cama bagunçada, o cobertor torcido de angústia, o travesseiro molhado. impossível o amor, improvável o desejo. o dístico ainda paira. uma verdade inocente posta em palavras. ainda assim criminoso. quem de longe se aponta e todo prosa foge ao meu texto. há algo que se remexe vigorosamente dentro de mim. devorando o pano de fundo de cada sonho. poderá haver no poema um galo que canta entre canhões da segunda guerra, caroline? tão menos paris hoje. tão mais o amplo deserto. quente. quente. o corpo imerso nos lençóis feitos de areia quente. há a febre. o chão que escapa. os olhos bem aperto, onde um fio de areia aos poucos costura o cansaço. quem virá em meio as dunas, enfrentando o cavaleiro negro dos dos meus pesadelos. não sou isto de ficar à janela, estes vazios da parede que tenho cerrados. a angústia reside no topo da estante, ali onde apenas o pó se acumula. o corpo é que resiste ainda, diante da mente fracassada. o corpo ainda tem fome, sede e respira. quantas horas aguentará ainda? na incerteza da chegada. não posso dormir, estará atrasado? quando chegará? nenhuma notícia. nenhum código secreto, nem mensageiros. resta aqui, inquieto, apenas à espera.
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