terça-feira, 5 de outubro de 2010

desencontros

eis meu sonho íntimo: estou te esperando. sonhamos ainda esta hora, verlaine. e sou eu, como uma velha criança, cheia de certezas que te faz crer, que ouves, que pensas e que respondes as minhas questões? meu coração não é esta noite eterna que aprisiona nas tuas palavras. (... ainda, mesmo entre as grossas nuvens de suas baforadas, eu te vislumbro, mallarmé...). nossa história é nobre e trágica. feita em versos, sem redondilhas e sem chave de ouro. e bêbemos e cantamos e...impossível dizer disto... fora de paris. ah, seus dedos de adolescente mágico e marot-to. não peço clemências. só peço que não pares. toda minha vida é este bem que se prende ao teu olhar. (... tout rossini, tour mozart et tout weber...) sem charmes secretos. meu coração, sem respirar, observa de joelhos, sua boca de coral, que não está meio fechada, mas quase aberta nestas palavras. os perfumes não se frisam nas narinas, a rua esperta, a rua aperta, como as coxas entre as coxas e os desejos e os buracos de fechadura. toda volúpia é uma biblioteca de prazeres. que grita, que caí, que insiste, que rasura linhas e que te por fim te captura. mas ainda escapas, numa escarpa distante. ali, onde apenas os bilhetes e os meninos de recado sabem nos encontrar.

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