segunda-feira, 4 de outubro de 2010

circular 666

"Porque aqui na terra o tédio está muito grande" (R.Piva).
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é hora de mudar o tom. simples assim. inocência nunca perdida, dado que nunca encontrada. sem manifesto. faz a cara da vanguarda, salto alto e maquiagem. hype. tão descartável quanto tudo. hora de abrir as coxas ao desconhecido, de ir além do escuro do cinema contingente. a experiência limite: as paredes do meu quarto. palco instalado entre poucos livros. são mateus jamais escreveu um evangelho, negro alto, samba com o dorso nu. selvagem. potência primitiva. e se preciso de palavras? talvez. o que se constrói é um próprio pensamento. talvez o tom nunca mude. nem as palavras. sem livro futuro ou biografia. há palavras que escapam a este "certo-saber".não sou situação ou oposição. que entendo de política? o apocalipse pra mim é só um filme com muitos efeitos especiais. sem lições para apreender.sem vivência urbana, sexual, mística ou anárquica. talvez sem crença, mesmo neste significante. a palavra não salva. mas o quê é salvar? só silêncio se salva. e resta o resíduo: poesia epifenômeno da vida. registro? um dia ainda escreverei um grande poema em latim, talvez aprenda grego clássico, só para isto. já sei o dia em que vou parar de escrever. a data. a hora. o limite marcado. questão de código de barras. estou, aos poucos, acabando com as correspondências. eu não vivi o inferno de dante, só o purgatório, mas ao invés de subir, eu desço... cada vez mais fundo. não quero encontrar beatriz, quê faremos? vamos brincar de a amiga e o amigo gay? o criminoso desta história é vírgilio e esta ilha. bora ouvir o vento batendo na janela e ver o quê acontece. nesta terceira parte de mim que ainda insiste e tem medo do que está escrito no post-it colado no dia do meu aniversário. sem mais: fim.

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