sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

estrada

Del camino a mitad de nuestra vida
encontréme por una selva oscura,
que de derecha senda era perdida.

praticamente uma criança atravessando uma rodovia. assim o quadro pintado se borrava lentamente no vazio de um abraço. com todas as marcas e dores se tornar impossível ser esquecido, mas ainda assim o retrato insistia em se esquecer. a vitrola ligada. o vazio dos corredores, vazio de dor e fome. vazio de toque. sem corte, o sangue apenas escorria. um gato fluorescente brilhava em azul e lilás. sem surrealismos. marcando o compasso. tem cortes que não doem, há dores sem cortes. eu queria apenas que o quadro apertado no azul longíquo e de fala rápida não se esvaisse assim. que se suportasse ainda um pouco mais. eu, talvez, esteja destinado a cometer meus erros, sem pedidos de desculpas. o interruptor a direita desliga as luzes de fora, este aqui a luzes de dentro de mim. e assim o fantasma caminha pisando em cacos de cristais. as taças doloridas que guardei. um faquir dentro de mim. uma linha feita equílibrio para os passos postos em dança. um acrobata bêbado que se faz criança mergulhando em papéis. eu precisaria apenas daquele bilhete, aquela passagem. eu sinto, lentamente, com o rumor dos carros que a morte vem devagar, virando ampulhetas e olhos. sem grades e grandes esperanças. eu apenas espero. Penélope cega fiando o fio das Parcas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário